18/07/2014
Sempre fui um crítico da ditadura militar. Vivi esta época triste da história do Brasil. Estudei em federais (UFJF, UNB e UFMG) onde uma parte da turma metia o pau nos generais, mas " a boca pequena", ciente do perigo que representavam estas opiniões. A outra parte da turma era manifestamente favorável ao regime de exceção. Eram desprezados com um distanciamento sem exageros, de modo a não levantar suspeitas. Logo, fui testemunha dos fatos e do período histórico 1964-1985. Esta citação de fala do Gel. Geisel é autêntica. Recordo-me deste seu pronunciamento, e particularmente deste trecho. Pois bem, o que assistimos hoje corrobora a profecia do general e até a suplanta, se considerarmos que ele não foi específico ao dizer"... não estão visando o bem do povo, mais sim seus próprios interesses." Seguramente o general suponha enriquecimentos ilícitos, negociatas, tramóias, cambalachos e toda sorte de atividades escusas em detrimento dos interesses maiores da nação e de seu povo. Só não previu o vetusto general que a coisa atingisse proporções tão escabrosas. Vivo fosse, Geisel enfartaria com 32% dos membros congresso condenados em todas as instâncias do judiciário; com o presidência do congresso nacional entregue a uma canalha; com o envolvimento explícito de funcionários dos altos escalões em corrupção ativa e passiva; com a assessoria desses mesmos servidores públicos às empreiteiras, adequando licitações aos super faturamentos em obras públicas. Sobrevivendo ao enfarte, Ernesto Geisel não escaparia de um AVC, babando, inerte e impotente, mas lúcido o suficiente para destilar ódio e revolta com a agonia da saúde pública, com deseducação do ensino, com o abandono das obras viárias comprometendo a infra-estrutura e o consequente encarecimento de nossos produtos de consumo interno e de exportação. Sofreria com a decadência da honra e de pelo menos um mínimo de decência na gestão da coisa pública. O velho general pediria a Deus (e até ao demônio) uma última bala na culatra de um obus 150 mm. Para dar tiro certeiro na cabeça do monstro amoral e cínico em que se transformou o estado brasileiro. Tudo isto sem falar ainda na segurança pública. Na criminalidade aterradora, no poder de bandidos comandando o crime dentro de penitenciárias de "segurança máxima", de onde ameaçam autoridades e condicionam a realização de eventos esportivos internacionais(copa e olimpíadas) ao atendimento de suas "exigências". Por todas estas calamidades, POVO está entregue à própria sorte, refém do crime e do conjunto da obra de um governo a exaurir a nação para garantir o seu poder, seus privilégios e mamatas, coroando as malvadezas com a impunidade garantidas por advogados caríssimos e amorais - hienas aguardando os despojos dos lucrativos delitos e escândalos semanais. Pela parte que me toca, costumo comentar com meus amigos e familiares que, se em minha juventude alguém previve um futuro como o que vê hoje, certamente acharia graça ou diria tratar-se de filme misto de ficção científica e terror. Não sei se hoje o General Geisel descansa em paz. Isso é coisa dele lá com Deus. Só sei que o nosso querido Brasil está no inferno. A bem da verdade em um inferno onde arde a grande maioria da população. Lá, no topo da pirâmide social, em um paraíso particular, as elites zombam de nossa agonia sem saber que o vulção está soltando fumaça prenunciando uma erupção que os varrerá do mapa.
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