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18/07/2014

CORDEL DO MENINO QUE SONHAVA ALTO.

Filho de pedreiro e dona de casa,
Lá nos grotões das gerais,
Nasceu um menino com asa,
Tinhoso até por demais.

Cresceu na vida, lida dura,
Foi pra escolar estudar,
Bom de conta e leitura,
Isto eu posso assegurar.

Sem eira nem beira na vida
Se mudou para Brasília.
Que assim seja, é sofrida
a vida que a gente encilha

Qual montaria xucra,
Que empina, negaceia
Mas que segue maluca
E do destino não se apeia.

Foi morar em um quartinho
Bem depois da asa norte.
Tudo se ajeita, com jeitinho
A seu tempo e boa sorte.

Joaquim era o seu nome
E o sobrenome Barbosa.
Raia miúda, sem renome,
Não valia um dedo de prosa.

Foi à luta e virou estagiário,
Office-boy e um pouco mais.
Entrou na faculdade e o salário
Mal dava pros manuais.

Virou então doutor advogado.
Estudou pra concurso e passou.
Não se fez nem um pouco rogado,
Foi em frente e triunfou.

Foi crescendo na carreira...
O esforço valeu por demais.
Na vida tomou a dianteira,
Morrer na praia, jamais.

Dos gringos aprendeu a língua
E depressa foi pro estrangeiro.
Falo bem ou morro à míngua,
Pensou Joaquim ligeiro.

Foi e voltou sabichão,
virou juiz de direito
E no exercício da função,
Fez o seu nome, com efeito!

Deu uma vaga no supremo
E assim sem mais, de supetão,
Um certo presidente vigarista
Fez de Joaquim Joaquinzão.

Virou ministro de toga e tudo,
Agora autoridade de montão,
Joaquim entrou calado e saiu mudo,
Surpreso com tanta ostentação.

Tudo ia muito bem, obrigado,
Até que um dia a bomba estourou.
Um tal de mensalão danado
No supremo tribunal entrou.

Só tinha gente elegante e graúda
Envolvida em grossa corrupção.
Comprovam voto na miúda.
Estropiando o Brasil, pobre nação.

Seus colegas, a maioria indecente,
Foram contra o interesse brasileiro.
Mas Joaquim que era o presidente
Logo botou ordem no puteiro.

A corja hoje mora na papuda
Vendo o sol nascer quadrado.
No congresso, Deus nos acuda
E na rua, feriado.

O povo pra lá de contente
Já canta puta que partiu
Queremos o Joaquim Barbosa
Presidente do Brasil.

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