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18/07/2014

Fui universitário durante os anos de chumbo. Corri de PM e milicos. Guardo até hoje o ressentimento e a humilhação por ter que fugir quando reclamava meus direitos constitucionais. Ainda assim tenho razões de sobra para sequer cogitar um golpe de estado, entregando o país a um regime de exceção. Antes, porém, de esculacharem o general, levem em consideração os seguintes fatos: temos pelo menos um escândalo por semana e a corrupção envolve personagens graúdos em todos os níveis de poder, sangrando bilhões dos cofres públicos; a população é refém da bandidagem, dos "dimenor" que matam, sequestram e zombam dos policiais logo após os flagrantes, alardeando a sua impunidade amparada e estimulada pelo Código de defesa do Menor e do Adolescente; nossa saúde pública agoniza nos corredores insalubres de hospitais sucateados; o tráfego de drogas - seus cartéis, núcleos e células - assumem o status de um estado dentro do estado; notórios chefões do crime, encarcerados, ameaçam a realização de eventos esportivos internacionais, condicionando suas realizações ao atendimento de exigências absurdas; autoridades fazem uso de bens da união para implantar cabelo em cabeças que mereciam guilhotina, tal a desfaçatez de seus desmandos; em nossas rodovias trafega a morte mas não trafega o progresso, ceifando vidas e estreitando ainda mais o gargalo por onde não escoa a produção nacional, encarecendo produtos para o mercado interno e inviabilizando nossa competitividade no mercado internacional; 95% das prefeituras não têm suas contas aprovadas pelos respectivos tribunais de contas estaduais; a incompetência dos gestores de alto coturno deixam uma Petrobras perder em poucos anos quase 40% de seu valor de mercado; as ruas pertencem aos assaltantes a qualquer hora do dia e, à vistas da lei fardada, nos mesmos pontos e lugares onde são filmados, atacam idosos, mulheres e a outros incautos. E voltam. E cometem, de novo, os seus delitos e crimes; os partidos chantageiam a Presidente da República à cata de ministérios e de cargos estratégicos, passando ao largo dos interesses nacionais. Verdadeiro balção de negócios se estabelece em Brasília atendendo a interesses partidários e pessoais, enquanto a nação está entregue à sua pouca ou nenhuma sorte; mensaleiros são(finalmente) punidos, mas com uma sentença recheada de benefícios que muito breve os devolverá às ruas, ou melhor, aos gabinetes e às altas esferas do poder, de onde, certamente, voltarão a praticar os mesmos delitos que os levaram ao xilindró. Será que basta, jornalistas da Revista Fórum. Os senhores hão de concordar que o exposto é a expressão da verdade e, a bem da exatidão, estão muito aquém da realidade dos fatos. Neste ponto pergunto a quem deve ser entregue o poder? Qual alternativa os senhores vislumbram para botar ordem no puteiro nacional? Como proceder para arrumar a casa de mãe joana? Não estou insinuando um golpe de estado como alternativa. Muito menos desejando milicos no comando da nação. O que eu quero dizer é o General Chagas tem todo o direito de espernear. E na cabeça de um general a solução é pela via das armas. As armas que não temos à mão para, com todo o direito, pormos fim à orgia que tomou conta do País. Prefiro uma solução dentro do respeito às instituições democráticas e ao estado de direito. Mas acima de tudo, senhores, prefiro qualquer coisa ou solução que nos liberte da imoralidade, corrupção desenfreada, bandalheiras, tramóias, malversação do erário, incompetência, descaso, negligência, omissão, desprezo e de outras tantas aberrações a nos espoliar como cidadãos nesta terra sem lei e dignidade. Se eu tiver que tomar um partido, que seja até nos termos propostos por um general indignado. Qualquer coisa é melhor do que o estado de calamidade que assola o Brasil. Qualquer que seja a providência tomada, há de cheirar melhor do que o houve de podre no reino da Dinamarca. O povo brasileiro já não aguenta mais tanta ignomínia. Façam uma pesquisa e terão a resposta. Vox populi vox dei. A verdade e o direito implícito nesta máxima são a expressão maior da democracia.

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