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18/07/2014

Hoje o Brasil tomou conhecimento que o partido de Marina Silva não atendeu as exigências da lei eleitoral; mais especificamente por não atingir o número estipulado de assinaturas(reconhecidas em cartório). Assim, o natimorto não logrou seu registro no TSE, estando excluído das eleições presidenciais de 2014.
Somos um País com quase 40 partidos, com mais ou menos 6 de alguma expressão. Ora direis, alguma expressão?!  Atrevo-me a reafirmar que mesmo os maiores não nos representam. Estas siglas nos representariam se fôssemos  um povo calhorda, desonesto ou venal. Os outros trinta e tantos restantes, do mesmo modo,  não passam de uma sopa de letras repugnante em que ingredientes nobres, tais como ideais democráticos,  socialistas, cristãos, trabalhistas e outros foram usados apenas para nomeá-los e  para dar aparência de compromisso e intenções altruístas. 
Todas estas agremiações partidárias tem folhas corridas capaz de corar criminosos de penitenciárias de segurança máxima. Todos os seus membros, salvo alguns solitários integrantes mais deslocados do que o Lula em uma biblioteca, legislam e perseguem apenas seus interesses corporativos e pessoais. Os nanicos não passam de legendas de aluguel disponíveis para garantir quorum e votos de interesse do executivo e do legislativo (em causa própria). São típicos balções de negócios escusos, barganhas e negociatas. A recompensa são cargos nos escalões inferiores do governo, nomeações de parentes, protegidos e toda sorte de benesses patrocinadas, de resto, por nossos impostos. Pior, todos estes partidecos tem registro no TSE e gozam de todos os direitos consagrados na lei eleitoral.
Enquanto isto no Patropi, o partido Rede Sustentabilidade  da ex-senadora Martina Silva, exceção  de caráter e conduta política irrepreensível, não conseguir registro no TSE. Esta Senhora de origem humilde, exemplo de como subir na vida sem cambalachos, recebeu 19.500.000 votos nas eleições presidenciais de 2010. Salvo engano, nosso egrégio TSE e suas leis, exige 450.000 assinaturas, reconhecidas em cartório, para que um partido obtenha registro e se habilite a participar de eleições para a Presidência da República.
Pergunto então a Vossas Excelências se existe algo mais oficial e confiável do o voto?  São urnas eletrônicas e todo um aparato tecnológico a garantir isenção, legitimidade e segurança no processo eleitoral. Resta-me então o desânimo por não compreender esta votação contrária à criação da Rede Sustentabilidade. Resta-me saber, com muita revolta,  que sou mais um entre milhões que não contam; que valem pouco ou nada. Somos todos nós apenas números de CPF, assim catalogados pela voraz  receita federal, de modo que não escapemos de suas malhas finas - verdadeira teia da qual só escapam os que, apesar do enorme tamanho e costas largas, passam incólumes, lépidos e fagueiros.
Do mesmo modo, os embargos infringentes deram guarida a mais um recurso em favor dos malfeitores do mensalão. Da mesma maneira,  o clamor de milhões de brasileiros foi solenemente desprezado pelo ministro Celso Melo e seu voto que até hoje me enerva. Voto este que mereceu rasgados elogios por parte de expressivos veículos de comunicação, citando-o como aula magna de direito e subliminarmente consagrando o império da lei sobre a vontade e os direitos de um povo a implorar justiça. Somos tão-somente uma turba ignora e apoplética que não se recolhe à sua insignificância.
Diante de tanto descaso com os nossos anseios, nossas esperanças e até de nossas ilusões, vou-me embora pra Pasárgada.  Lá sou amigo do Rei. E se, porventura, eu não puder dormir com a mulher que escolher, pelo menos não votarei e não voltarei.
A estes homens que tem o poder de decisão sobre as grandes questões nacionais e que sistematicamente viram as costas aos nossos direitos mais fundamentais, sugiro a leitura de um texto breve e impregnado do reconhecimento aos humildes heróis do dia a dia: O POVO, de  Eça de Queiroz.

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