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18/07/2014

Hoje, no jornal da Bandnews brilhantemente ancorado por Ricardo Boechat, este comentou matéria do jornal O Globo baseada em dados do IBGE. A matéria relata que 30% dos jovens no Grande Rio de Janeiro, na faixa de 15 a 20 e poucos anos, está desempregada e fora das escolas. Pior: não estão procurando escola e muito menos emprego. Ricardo Boechat conclui que essa energia jovem está totalmente disponível para alimentar as estatísticas da criminalidade e para a de outros malfeitos. Lembrei-me então de meu querido sogro já falecido - mix de sapateiro e músico, artesão e artista, homem humilde e sábio. Pois bem...Certo dia, anos atrás, conversamos sobre o problema que já perturbava nossa sociedade à época. Seu ponto de vista, ou melhor a solução vislumbrada por ele até hoje me surpreende por sua sabedoria e viabilidade. Segundo o meu sogro, bastava criar uma lei que determinasse que os menores, entre 14 e 18 anos, pudessem ser contratados pelo comércio, indústria ou firmas de serviço com total isenção de obrigações trabalhistas para os empregadores. Desse modo, os menores receberiam 1 salário mínimo. As empresas não teriam 1 centavo a mais de custo. A se cumprir a lei trabalhista vigente, o custo de um empregado é multiplicado por 2. Os jovens trabalhariam em meio expediente, de modo a não prejudicar seus estudos. Os que não estudassem poderiam cumprir jornada de 8 horas, mas com o incentivo de que, voltando à escola, teriam um adicional de mais ou menos 20% em seus salários ou uma outra vantagem que os motivasse. Seu Joaquim acrescentava que famílias com 2 ou 3 menores nesta faixa de idade, levariam para suas casas de 1.448,00 a 2.172,00(salário atualizado), contribuindo para elevar o padrão de vida destas famílias de uma forma nunca sonhada por eles. Seguramente, segundo o sábio Joaquim, meu sogro, a molecada teria que trabalhar na marra, ou então tomar o pé da bunda e procurar outro lugar para se encostar. As empresas, segundo ele, iam adorar. Teriam mão de obra barata, além de formar profissionais para atender às suas necessidades específicas. E mais: estes garotos poderiam ser moldados dentro da cultura da empresa, de maneira que, com o tempo, dela fariam parte, totalmente integrados e motivados para o que der e vier. Os garotos seriam apenas obrigados a contribuir para a previdência, garantindo os benefícios sociais e a futura aposentadoria. O governo teria um aumento considerável de arrecadação, visto que milhões de jovens passariam a contribuir com o INSS, sem falar ainda que o efeito dessa absorção e treinamento de mão de obra equivaleria a milhares de SESC's, SENAI's e afins, despejando no mercado, a cada ano, milhões de jovens com uma profissão. TUDO isto veio da cabeça de um homem simples, de um cidadão comum. Aqui chegamos ao âmago da questão. Por que será que lá em Brasília, nos atapetados gabinetes, uma solução simples como esta nunca é sacada assim, digamos, num momento de lucidez e sensibilidade social? Por que um "insight" não acontece e eles descobrem a pólvora ou coloquem o ovo em pé? Será preguiça, burrice, negligência, descaso, omissão? Pelo visto, sim. Afinal de contas eles estão mesmo preocupados é com a próxima obra a ser licitada na calada da noite. Na penumbra dos gabinetes, os sanguessugas se reúnem para dividir o botim com os outros parasitas da família "Larapius Indolentius Brasiliensis": empreiteiros, políticos, funcionários públicos e afins. Pobre Brasil. São poucos Joaquims e muitos chupins.

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