19/07/2014
A solução está na volta ao passado, quando o magistério era um sacerdócio. O ensino público era exemplar e os professores valorizados e respeitados. A excelência do ensino público contrastava com o rede privada, a tal ponto que os maus alunos, os play boys da época, eram matriculados pelos pais em escolas particulares. Era a escola PPP: papai pagou... passou. Este quadro resultava de bons salários, treinamento e perspectiva de carreira. Resultado: aulas incríveis, motivadoras e empolgantes, já no primário. No ginásio, os mesmos métodos e os mesmos resultados. Bastava um olhar dos mestres e baixávamos a cabeça envergonhados. O conhecimento era uma coisa instigante. Aprendíamos a amar a literatura através do mundo mágico de Monteiro Lobato, aprendíamos português escrevendo redações. Professor Mota, meu querido mestre da língua pátria, argumentava aos reticentes que nossa vida era repleta de acontecimentos interessantes. Bastava lembrar nossas aventuras e teríamos inspiração de sobra para escolher o tema. Uma redação inspirada de duas laudas valia 50% da nota do mês. No meio do ano, 2 terços da turma amava redação. Os outros professores adotavam a mesma estratégia e a motivação e o interesse sobravam... Havia entre eles até uma competição velada entre eles. De qual aula os alunos gostavam mais? A gente percebia isto sem muito esforço. Inverteu-se a qualidade do ensino. Hoje as Escolas particulares tem qualidade. Escolas públicas são sinônimo de incompetência patrocinada por salários indignos, ausência de planos de carreira, falta de treinamento e a decorrente falta de atualização pedagógica; violência, falta de material e instalações sofríveis. Enfim, hoje o ensino público desconstruído por décadas de reformas de ensino mirabolantes, defasagem salarial e falta de estímulos para a carreira resultam em uma tragédia social. As classes mais abonadas propiciam boas escolas particulares a seus filhos. Os garotos vão para as universidades federais, engordando a elite e agravando a desigualdade social e a distribuição de renda. O povão e as classe média, média-média e o resto, na base da pirâmide(80% da população), tem como alternativa a falta de alternativa. E os filhos, sem qualificação, fazem, com sorte, a escalada dos gráficos de subempregos e fornecem contingente para a marginalidade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário