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19/07/2014

Oi, mãe. Se você estivesse comigo, hoje faria 89 anos. Nada então de almoço fora, nada de presente, nada de nada. Comemora-se o dia em que se nasceu na Terra? Os anjos aplaudindo batem asas? Tocam as harpas músicas divinais ? Deus sorri para você? Tomara que um ou outro aconteça na proporção dos seus méritos. Aqui embaixo, mãe, está chovendo e o dia está triste, frio e feio. Tudo coincide com o meu coração. O dia vai passando sem você. Fiquei menino. A Senhora não volta do armazém da esquina. A rua não tem mais esquina - vai se estreitando no horizonte e some. Para piorar, hoje não tem sol e a chance de um arco-iris. Eu acreditaria que a Senhora fez ele pra mim. Com as cores aí do céu. Por que será que a saudade está fazendo esta maldade comigo? Quero colo e cafuné. Quero beijo e carinho, mãe. Mais um pouco e volto ao teu útero pra sentir o calor mais gostoso do mundo. E as cosquinhas no meu pé que te chuta. Acho que entendi esta brincadeira da saudade... Ela quer que eu volte ao início para começar tudo de novo. Dia a dia, num jogo da memória, combinando os pares do destino e as situações e momentos que vivemos. O jogo acabou. Falta o último par. Estou impar para sempre.

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