19/07/2014
Lindo texto e duas medidas... Explico: Flávio Cavalcante foi contemporâneo de meu; colegas de quarto no internato da Academia de Comércio de juiz de Fora. Grandes amigos a ponto de meu pai convidá-lo para padrinho de seu casamento em 1947. Flávio aceitou. Passaram muito anos sem que meu pai o reencontrasse. Falaram por telefone umas poucas vezes após o sucesso de Flávio na TV. Em 1970 ou 1971, não me recordo exatamente, meu pai me chamou e perguntou se eu queria ir a Petrópolis, residência de Flávio, ainda no auge. Fomos em seu Aero-Willis e paramos na porta da mansão do apresentador. Um segurança nos atendeu educadamente. Nos identificamos e aguardamos a comunicação com os patrões. O segurança nos anunciou que o Sr. Flávio Cavalcante não nos receberia, ao que meu pai indagou o motivo, visto de vieramos de Juiz de Fora - afinal de cotas uma pequena viagem, só para dar um abraço no querido amigo. O segurança reportou-se à mansão e a resposta, desta vez, foi um sonoro NÃO, e nenhuma explicação. Poucas vezes em minha vida vi meu pai naquele estado. Era um misto de raiva, desaponto e incredulidade. Voltamos a Juiz de Fora sem trocar uma palavra. Nas poucas vezes que o olhei de soslaio, vi meu pai chorando. Pranto de homem - rosto impassível - apenas dois filetes de dor e desencanto. Até hoje não entendo como ele jamais comentou, até a sua morte, aquela viagem a Petrópolis. Nós sempre comentávamos alegrias e tristezas - tudo , enfim, que tivesse importância. Meu pai era um "falador". Passados mais de 40 anos, não me esqueço do Sr. Flávio Cavalcante. De sua insensibilidade, presunção e falta de educação. O mesmo homem que deixou esta bela carta para seu neto. O mesmo homem que mutilou uma amizade através de sua negação: a indiferença.
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