Páginas

05/12/2014

LUTO
Meu coração está de luto.
Luto fechado, tarja do braço,
na roupa que visto e que reluto
sair à rua trajando mormaço.
A tarde quente me transpira
um ressentimento dolorido
assim como o amor que expira
sem nunca de dar por vencido
Sorte que tem noite enluarada.
Vou pro bar curtir a minha mágoa
e na dose dupla já diviso alada
o despir da tua leve anágua.
E assim vou vagando pelos cantos
dos becos assombrados de vazios,
revirando latas e os encantos
perdidos nos terrenos mais baldios
Uma luz ilumina uma janela
fujo da luz inseguro
tal e qual a luz da vela
tremeluzente no velório escuro.
Se uma esperança me restasse
eu te juro que não mais morreria
ainda que no mundo acabasse
o ar que respiro à tua revelia.
Se a minha sorte está lançada
vou atravessar o rio de amargura
e na outra margem enfumaçada
vou sumir na névoa de loucura.
Vou despir o luto que vesti a esmo
e trajar o meu melhor terno de linho.
Vou partir em busca do carinho
que neguei em vida a mim mesmo

Nenhum comentário:

Postar um comentário