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20/12/2014

CARÊNCIA
Chutando latas,
tropeçando em amarguras,
saio pela madrugada
na suave noite de procuras.
Na esquina escura
dobro os meus enganos
e dou de cara
com os meus vômitos.
Me misturo
e entre as mesas
dos botecos copo sujo
vou contando minha vida
e ouvindo as queixas,
insinuando minhas mãos
por entre pernas.
Cães vadios rodeiam
e recolhem
linguiças vagabundas
e as migalhas
atiradas como esmola.
Um bêbado tropeça
e se escora na parede
encardida de tempo
e de corações desenhados
com batom e desenganos.
Ao pé do ouvido e da orelha
perfumada de perfume barato
sussurro promessas e prazeres
de estômago embrulhado.
Amanheço de ressaca
entre lençóis fedidos
e manchados
de amor comprado
com promessas
no calor da noite

de frias madrugadas.

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