Com o tempo, a gente sem querer vai refinando a sensibilidade. E vai descobrindo beleza e sentido nas coisas mais simples. Parece que o olhar adquire uma sintonia fina e percebe entre o cascalho os diamantes mais bonitos.
O belo pisca timidamente como um vaga-lume solitário. E assim as coisas bonitas vão aparecendo onde menos se espera. De fato, elas sempre estiveram ali, implícitas na obra do Pai. A gente é que não se dava conta. A juventude é como um trem bala a mil por hora. A paisagem fica em segundo plano e a adrenalina é tudo que conta.
Sou madrugador mas hoje acordei antes do primeiro canto do galo. As escrever esta frase fiquei chateado. Que galo? Como ouvir o arauto do dia, mesmo de madrugada, entre prédios e asfalto.
Fazer o quê...Liguei o PC garimpando novidades no Face. Fui e voltei. Cliquei no box do bate-papo. Ninguém. Aí os vaga-lumes começaram a piscar. Apareceu a bolinha verde do amigo madrugador. Não sei se ela acende automaticamente ao se ligar o PC ou se este amigo quer um dedo de prosa. Na dúvida, não puxo conversa.
Aí me dei conta da beleza. As amizades foram pipocando aos poucos. A gente sorri e dá vontade de dar um abraço que não é possível porque os computadores (ainda) não chegaram ao cúmulo do abraço holográfico e o físico é passar dos limites da ficção científica.
A amizade, este sentimento parede-e-meia com o amor, traz tudo de bom no sorriso da gente a cada lembrança das particularidades dessas querências. Casos engraçados vividos em comum, bebedeiras e farras. Namoros e noitadas. Brigas, discussões, ficar de mal, de bem. Enfim, vivências divididas ao longo da vida e das circunstâncias do acaso. Entre estas amizades as novas, cibernéticas e informáticas: amigos que a gente ganhou graças às maravilhas da eletrônica. Gente que a gente nunca a viu e que curte de montão, como se tivéssemos crescido na mesma rua. Alma gêmeas aproximadas pela ciência criando links espirituais.
Como diz um grande amigo meu, ficar velho é ruim, mas é bom. Quando a catarata começa a nublar o mundo, a gente vai descobrindo outros, garimpando sensibilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário