Não conheci Dona Zilda, de saudosa memória, segundo o brilhante jornalista Eduardo Homem de Carvalho. E se saudosa, Dona Zilda Azambuja Canavarro Pereira deixou saudade. Uma redundância puxa outra e se conclui que Dona Zilda foi uma boa mulher. Portanto deve ter conquistado o seu lugar nas alturas onde, por direito divino, hoje mora em uma Copacabana celeste ainda em fase de ocupação. Em mutirão, os anjos ajudam Dona Zilda na construção de uma nova casa de pedra. Apesar de seu alto astral, hoje Dona Zilda deve estar uma fera. Sua linda casa de pedra na Copacabana terrena foi comprada por um milionário. Foi ou será demolida. Este nababo tem um fiel escudeiro que atende pelo nome de Omar Peres. O milionário mandou seu valete contruir um prédio enorme, moderníssimo. A maquete já está disponível e antecipa a visão de uma espinha de peixe igualzinha àquelas que restam após o almoço do Frajola. O jornalista Eduardo Homem de Carvalho tem razão: o futuro prédio é mesmo uma "marmota". Breve, ao passar pelo calçadão de Copacabana, você vai se engasgar com a visão desta espinha de peixe enfeiando a praia mais famosa do mundo. Copacabana a tempos deixou de ser a orla romântica do início do século XX. Tudo bem. A gente já estava conformado com o imenso paredão de caixotes, do posto 1 ao 6. Fazer o quê...Dureza é que a maioria das pessoas vão achar a espinha de peixe uma obra de arte a rivalizar com os projetos do saudoso Niemeyer. Afinal foi o Oscar Peres quem aprovou o projeto do prédio mais luxuoso do Rio. Azelite, como um rebanho de carneiros, segue passivamente o pastor. Ninguém ousará discordar do conceito estético do Senhor Omar Peres. Eu continuo achando o prédio um horror. Assim como achei uma coisa horrorosa, certa vez, para espanto e desaprovação de meus circundantes, uma obra do renomado artista plástico Siron Franco(acho que é assim que se escreve o nome dele). A obra de arte em questão eram 2 ou 3 casulos de mais ou menos 3 metros de altura. Estes casulos pareciam feitos com sacos de aniagem recobertos por uma espécie de lama. Tinham o aspecto dos charutos do Brutus - aquele brutamontes do desenho do Popeye. Ficavam pendurados no teto da galeria. Pareciam mesmo charutos ou caixas de marimbondo. Diante dos murmúrios de admiração dos presentes, caí na asneira de dar a minha opinião e dizer em alto e bom som que aquilo era uma merda. Pra quê!...Olhares de repúdio me fuzilaram. Saí de fininho mas ratifiquei a minha opinião para quem quisesse ouvir: umas merdas. Assim é na vida. Picasso foi um gênio. Não há quem discorde de sua genialidade. Mas acho os seus quadros da fase cubistas umas merdas. Perdoem a minha ignorância latu sensu os entendidos se, porventura, Picasso não passou por esta fase. Sou leigo e como tal tenho direito a dizer as minhas bobagens. Finalizando e voltando à espinha de peixe a ser erguida em Copacabana, eu e o jornalista Eduardo Homem de Carvalho continuamos achando o prédio uma marmota, uma merda. Copacabana podia passar sem essa. Ou melhor, sem esta espinha de peixe entalada em nossas gargantas sensíveis. E tenho dito.
Quem não se lembra da Casa de Pedra, na Av. Atlântica, da saudosa Dona Zilda Azambuja Canavarro Pereira, que acabou sendo comprada por 28 milhões pelo dono da Avianca, o judeu Germán Efromovich, que tem como seu fiel escudeiro o empresário Omar Peres? Tive a oportunidade de ver a maquete do prédio - “mais luxuoso do Rio”! (Afinal tudo que Omar faz tem que ser a coisa mais linda de papai!).
Mas, que prédio horroroso! Um esqueleto de peixe! Aposto que com o tempo chamará - “Piranhão”. E
Omar Catito Peres ainda se orgulha de dizer que será um presente dele para o Rio de Janeiro. Daí um monte de gente elogia sua iniciativa – são os Omaretes!
O Rio de Janeiro não precisava de mais uma marmota. O Rio de Janeiro fica muito mais triste porque se perde, basicamente, a memória de um primeiro momento de ocupação da orla, e com isso perde-se também um pouco mais da diversidade de tempos, o que é uma das condições vitais da cidade. O senhor Omar apaga a identidade da cidade e acaba com a memória do Rio de Janeio. Pena que ele não tem o alcance de entender isso...
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