NAMORADEIRA
Olha a morenona na janela,
toda tímida.
Olhares de viés,
lançados ao léu,
fazem par
com risinhos sapecas;
às vezes promessa
de colchão macio
e cama rangente.
Cheirosa, dengosa, perfumada.
Mão no queixo, aprecia a rua,
a praça e o movimento.
A mão direita espanta moscas,
a esquerda ajeita a calcinha
cavada que no rego entrou.
Sorri para si.
O sino soa o Angelus.
Persignar-se fervorosa.
Os peitos arfam
convidativos.
Ai ai... suspiros.
Reza pra Santo Antonio.
Pede um moreno
fogoso que nem ela.
Cai a notinha.
Fecha a janela.
Hora da novela.
Outro dia.
Pensa, matuta...
A vida é boa.
Um dia me caso.
Mió, me junto.
Papel passado
tem pouco valia
hojindia.
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