UM SONHO
Dias atrás perdi o sono e, como todo mundo, comecei a viajar na maionese. À medida que o tempo passava, os pensamentos iam e voltavam caóticos passeando por vários temas: esportes, política, filhos, netos, compras por fazer no mercado e assim por diante.
Depois de algum tempo adormeci e sonhei o sonho que agora relato.
Estava em Santos Dumont-MG, logo após a Capa do Mundo de 70.
Papeava com amigos em uma mesa de bar. Na roda de papo, eu, Tiliu, Eduardo Ângelo, Evaldo e Hamilton. De repente chegou um conhecido nosso do qual não me lembrava o nome. Puxou uma cadeira que não lhe fora oferecida e, sem mais nem menos, declarou-se possuidor do dom da vidência.
O papo rendia e à medida que um determinado assunto vinha à baila, o palpiteiro vidente metia a colher fazendo as suas previsões.
Evaldo começou a falar de política e foi interrompido com a previsão de que lá por volta do ano 2004, 2005, o Brasil seria o país mais corrupto do mundo. Negociatas e maracutaias gerariam propinas da ordem de bilhões de dólares. Os escândalos seriam semanais e os envolvidos, leves, livres e soltos, sairiam impunes. O congresso nacional teria quase de 40% de seus membros condenados em várias instâncias da justiça e por aí afora. Risos gerais...
Tiliu, flamenguista doente, comentava o campeonato carioca, quando o "vidente" disse, em alto e bom som, que o Brasil perderia por 7 x 1 da Alemanha em uma Copa não muito distante. Quase apanhou.
Quando comentei o absurdo do arrombamento de uma casa comercial da cidade, o gaiato disse que isto não era nada e que após a virada do milênio, a crime tomaria conta do Brasil. Disse que seriam cometidos mais de 150 assassinatos por dia; que meninos de 12 anos assaltariam a mão armada e que matariam gente como se mata uma barata. Continuou dizendo que os morros do Rio de Janeiro seriam estados independentes sustentados pelo comércio a céu aberto de maconha e drogas novas e desconhecidas.
O papo derivou para a dificuldade de se dar um beijo caprichado na namorada antes do namoro completar um mês. O sapo astrológico pegou pesado e disse que num futuro próximo seria comum meninas de 12 anos serem mães. Quase apanhou de novo.
Evaldo e eu começamos a falar de religião e mala interrompeu dizendo que antes de 1980 teríamos um Papa polonês e que um montão de padres comeriam meninos e meninas. Aí não teve jeito e o dito cujo levou uns cascudos. Continuou rodeando a mesa e acabou voltando, apesar das nossas ameaças.
Voltamos à política e o sapo previu que vários ministros de estado e outras autoridades corruptas veriam o sol nascer quadrado em penitenciarias de Brasília. Continuou com as suas profecias apocalípticas. Possesso subiu em uma cadeira e disse que o Brasil teria um Presidente da República pé-de-cana, semi-analfabeto e ladrão.
A esta altura, já olhávamos o maluco com piedade.
Acordei de repente e continuei a suar frio, dentro da nossa terrível realidade.
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