Reeditando com pequenas correções
CORDEL DA CHEGADA DO LULA AO INFERNO
As estrepolias do tinhoso nas profundezas.
Enfim, Lula viu chegar o seu dia
que veio em hora incerta
lá por volta do meio-dia
num churrasco arretado
onde o endiabrado
comeu mais que devia
encharcado de 51.
Primeiro veio a tonteira
e um zumbido na cabeça,
e antes que eu me esqueça,
agravou a indigestão
faturar a secretária
que chamou na responsa
e se fazia de sonsa
pra não chamar a atenção.
Foi um Deus nos acuda
e a farra teve fim.
A ambulância chegou ligeiro
e o motorista perguntou:
E agora, pra onde eu vou?
Vou pro Rio de Janeiro
ou pro Sírio Libanês?
Seu Gilberto de Carvalho,
prestativo e companheiro,
dispensou o motorista
e depressa correu a vista
nos presentes assustados.
Achou o Aécio num canto
onde estava disfarçado
de petralha convidado
e pediu logo emprestado
o helipóptero ajeitado
que estava estacionado
atrás da moita de capim.
Aécio que é bom moço
não se fez de rogado
e até emocionado
emprestou a aeronave,
mas antes teve o cuidado
de amoitar o pacote,
muito bem amarrado,
que o comandante descuidado
deixou em cima do banco
salpicado de um talco
ainda a pouco cheirado
pra poder entrar cheiroso
no ajeitado churrasquim.
Lá se foi o pó pi pó pi pó pi
levando o Lula dentro
direto pro hospital.
Mas o tolo comandante
achando que era legal
pousou na fila do SUS
para a aflição geral.
Foi quando Gilberto Carvalho
tomado de ira insana
tomou o manche
e mandou o comandante
para a casa do caralho.
Sua besta quadrada
este aqui é o presidente
que está ainda quente
e vai sair desta roubada.
No heliponto do hospital
de gente fina pousado
o nosso ex-presidente
foi direto ao CTI.
Mas deu um azar danado
e um médico plantonista
não deu conta do recado.
Depois de choque no peito
e respiração boca a boca
o médico embriagado
caiu num canto escornado
pra espanto dos presentes.
Neste dia nefasto
partiu desta pra pior
o nosso ex-dirigente
que se sentia melhor,
pois agora flutuava
vendo de cima seu corpo
dele mesmo bem morto
na mesa de cirurgia.
Clarão e luz branca, que nada.
Abriu-se uma porta sinistra
e dela o fogo vazava
a se perder de vista
e a todos chamuscava.
Piorando a situação
bem na porta do inferno
tinha um grande cachorrão
cujo nome era cérbero
que tinha muitas cabeças
todas elas mordendo
a bunda de quem apareça
as mordidas merecendo.
Com a ajuda de um capeta
Lula foi se esgueirando
e no inferno entrando
ileso desta falseta.
Em seguida conduzido
à sala do capeta chefe
onde ainda destemido
encarrou o mequetrefe.
Mas logo foi enquadrado
sentenciado e jogado
num enorme caldeirão.
E ali em fogo brando
foi logo se acalmando
e avaliando a situação.
Foi exato neste instante
quando Lula olhou pro lado
e quem foi que ele viu?
Minha nossa, é minha sogra!
Mais que azar, tô lascado,
puta que pariu.
Uma troca de ofensas
deu início ao diálogo
que nunca o inferno viu.
Sai pra lá cabra safado,
tiveste o fim que merecia
e aqui bem passado
vão te servir no banquete
que vou assistir de tamborete
na mesa do endiabrado.
Olhe só quem fala,
peçonhenta megera,
não sabes o que te espera
tu vai ser a sobremesa.
Mas já tô até com pena
da capetada esfomeada.
Vai tudo morrer de gangrena
indigestão ou caganeira,
pois tu é comida estragada
e não há bicarbonato
que salve do assassinato
os capeta envenenado
com veneno sem igual.
Vai tudo passar mal
e cair estrebuchando
aos poucos agonizando
olhando pra tua cara,
todos fazendo careta
mais feia do que carreta
que bateu bem de frente
na Kombi cheia de gente.
Mas o tempo foi passando
e o Lula se acostumando
com a quentura do inferno.
Preciso dar um jeito
de fundar um sindicato
pros cabra semi-letrado
inguinorante que nem eu.
E foi o que sucedeu.
Logo no dia seguinte,
vejam só que acinte,
logo logo o pau comeu.
Piquete e passeata
pedindo ar condicionado
e muito ventilador.
Belzebu então se mexeu
cuspindo fogo nas venta,
mascando abelha e pimenta
e cuspindo marimbondo
condenou Lula no ato
por crime hediondo
insurreição e desacato.
Ligou pra São Pedro
pediu audiência ao Divino
que de pronto recusou
e mandou de volta o recado:
o diabo que se vire
quem mandou dar mole
pra este cabra safado
nas suas entranhas criado
para o Meu dissabor.
Belzebu apavorado
e sem saber o que fazer
teve uma ideia porreta
para o caso resolver.
Casou Lula com a sogra
condenando de com força
por toda a eternidade
o infeliz a sofrer.
Por todo o universo
hoje se escuta o berro
de Lula a se debater
tentando fugir da sogra.
E pernas pra que te quero.
Lula preferiu o inferno
e jurou se emendar.
Pediu outra oportunidade
e se pra Terra voltar
prometeu ser cabra decente
e não enganar tanta gente.
Vou fechar o meu curral
onde banquei o coronel
trazendo no cabresto
este povo inocente
que até hoje acredita
em mim e em Papai Noel.
Nunca mais bolsa família,
bolsa isso, bolsa aquilo.
Vou vender comida a quilo,
retrato de santo e espelho
na feira de São Cristovão.
Enquanto esse dia não chega
preferiu voltar pro inferno
pra fugir da assombração.
Antes o padecer eterno
a viver acorrentado
a esta mocréia nojenta
que vivente nenhum aguenta.
Prefiro jiló com pimenta
ou refogado de enxofre
que por minha guela abaixo
ainda é melhor, eu acho,
do que suportar esta véia
muito mais agourenta
do que galinha de despacho.
Os quintos dos inferno
há de ser bem melhor
que o inferno onde padeço
entregue à peçonhenta
que me bate e me arrebenta
sem nenhuma compaixão.
Que pague os meus pecados
em eterna expiação.
E aqui acaba o causo
descrito com exatidão.
Meu relato é verdadeiro
e juro de pé junto
que a história do presunto
foi contada por inteiro
e sem nenhuma omissão.
Se duvida, vá a um terreiro
e pergunte ao preto véio
onde é que o Lula mora.
Confirmado o endereço
nos abismos infernais
dá pra sentir o cheiro
de Lula à pururuca
servido com couve
angu, ovo e tropeiro
por um capeta mineiro
recém chegado das gerais.