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21/11/2014

ROMANCE
Vigio na porta do ginásio...
Monto campana na esquina.
Sigo teus passos pelas ruas.
Meus horários são os teus.
Me perdoe se festejo
teu quatro em português.
E nas aulas de reforço
que prestimoso lhe dou
me rendo aos teus predicados,
mas erro na concordância
e a frase não se ajusta,
fica devendo harmonia
entre o que eu disse
e você não entendeu.
Lado a lado,
de soslaio admiro
o teu rosto de perfil.
Enquanto você escreve
eu me distraio e sonho
que você vai me notar.
Hoje mais tarde, à noite,
na hora da hora dançante
vou em casa te buscar.
Vou tomar um cuba-libre,
vou me encher de coragem
e enfim me declarar.
Minhas mãos suadas...
Minha voz embargada
sei que vai vacilar.
Então olhe em meus olhos
a luz que te ilumina
com a minha intensidade.
Não diga nada...
Sorria apenas
e me convide pra dançar.
O som do toca-disco,
a luz negra e o bolero...
São dois pra lá, dois pra cá.
Se o teu rosto corar
e de leve encostar no meu,
tudo o que eu sonhava
aconteceu.
O tempo parou.
E a nossa loucura
a tudo escureceu.
A luz do holofote
no centro da pista,
tal e qual uma lua,
a nós dois enluarou.
Cheios de luz,
olhos nos olhos,
não vimos raiar o dia
que nunca mais
amanheceu.

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