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19/11/2014

Estou pensando na total falta de respeito e consideração com os torcedores do Atlético e Cruzeiro. Por razões injustificadas, os ingressos para o primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil foram fixados entre 200 e 700 reais. Para o segundo jogo, dia 26, os valores situam-se entre 500 e 1000 reais.
Quando os times atravessam períodos de decadência, as diretorias conclamam os torcedores a comparecer nos estádios para transformá-lo em verdadeiros caldeirões e intimidar o adversário.
Os presidentes comparecem em programas de televisão e rádio, concedem entrevistas aos jornais, sempre disponíveis para a mídia esportiva e nestas ocasiões esbravejam que esta é a hora de se demonstrar amor ao time. Alegam que nos momentos difíceis o verdadeiro torcedor não se omite e que, ao contrário, marcar presença nos momentos de conquista e vitórias é uma atitude oportunista e conveniente.
Tudo muito bonito.
Aí a coisa muda de figura. Acontece uma final diferente de todas as outras na história da Copa do Brasil. Pela primeira vez uma final acontece entre dois clubes do mesmo estado. Para valorizar ainda mais o evento, os dois clubes têm as maiores torcidas do estado e, melhor ainda, são rivais históricos.
Maravilha!...melhor impossível.Todos comemoram a final raríssima. Todos ganham: os torcedores por razões óbvias, as mídias e seus espaços valorizados e pagos a peso de ouro pelos patrocinadores - estes com a exposição de suas marcas em rede nacional.
O torcedor, na hora da onça beber água limpa, é preterido e vai ter que pagar preços escorchantes, comprometendo, muitos deles, justamente o salário mínimo que recebem todo mês.
Os dirigentes, de olho no caixa mal administrado, aproveitam para tapar os rombos decorrentes de suas gestões amadoras.
E o torcedor que se dane. Justamente ele que sustenta o clube. Justamente ele que é a razão de ser do clube.
O banquete está servido. O convidado de honra vai ficar de fora, olhando a festa por cima do muro da mansão, diante da televisão ou do radinho de pilha, bem longe da emoção do jogo ao vivo - do jogo com o qual sonhou anos a fio para gritar a plenos pulmões a emoção de ser atleticano ou cruzeirense.
Enquanto isso, "azelite" esporádica nos estádios, alérgica ao populacho e às suas manifestações barulhentas, se deleita com o evento ímpar em camarotes e cadeiras proibidas à bunda suja do povão.

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