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14/11/2014

ONTEM

Joguei o meu peão
e ele furou o chão.
Tracei o triângulo,
apurei a mira
e a minha bolinha
tirou da geometria
a sua que saia
fazendo companhia
a outras tantas
da minha coleção.
No campinho de pelada
dei um baile no garrincha
e o pelé foi meu joão.
De Kchute, conga
ou Bamba
fui o bamba
da seleção.
Sou bandido,
fui mocinho.
Não se mexa...
Tá morto.
Morri, matei
um por um.
Meu revólver
de mil tiros
não faltava munição.
Morria e não sangrava
sempre renascido
montado em meu alazão.
Com a máscara do Zorro,
tonto de emoção,
deixei a marca da caveira
na cara do bandidão.
Vinha o vento,
e a pipa subia
pra cair, que merda,
bem no teto da vizinha,
de onde eu sempre caia
Catapimba no chão.
Ralava o joelho.
Engolia o choro.
Sou macho.
Homem que homem
não chora.
Só de noite,
no escuro,
e bem longe da Ritinha
dona do meu coração.
A vida foi perdendo
a graça
e a emoção.
Por rebeldia
um dia eu volto.
Aqui não fico não.

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