REEDITANDO UMA HISTORINHA
Era uma vez em um reino muito, muito distante, um rei muito feio que antes de ser rei foi plebeu.
Sua família era muito pobre e um dia seu pai resolveu se mudar para a maior cidade do reino em busca de uma vida melhor. Seu pai era do nordeste e nesta época a viagem de carruagem era muito cara. Então eles vieram de carroça, que era muito mais barato.
Ele foi crescendo e à medida que crescia mais e mais fugia da escola. Gostava de ser um analfabeto funcional. Como não gostava de estudar, foi procurar EMPREGO na corporação de ofício dos ferreiros. Começou como aprendiz e um belo dia, perdeu o dedo mindinho esmagado por uma marreta.
Praticamente aleijado, esperto que era, fez drama e convenceu um dos lideres da corporação de ofício dos ferreiros que estava inutilizado para o trabalho. Conseguiu ser afastado e até recebeu o atestado de incapacidade.
Mas como era muito preguiçoso, pensou lá com os seus botões: e agora ?...Preciso me enturmar com os práticos experientes e tentar ser um deles.
Tanto fez que conseguiu. Logo logo foi se infiltrando e subindo de posto entre os ferreiros. Ardiloso, traia um mestre aqui, outro ali. Hoje apoiava um mestre, amanhã outro. Fazia futrica e candonga e ia de um lado para o outro de acordo com as suas conveniências.
Não deu outra e um belo dia virou presidente da corporação de ofício dos ferreiros.
Aí então ele começou a agitar o reino com passeatas, comícios e manifestações nas porteiras dos feudos. Ele chamava seus colegas para a luta através de um brado que ficou famoso: " ferreiro unido jamais será vencido".
A corporação foi crescendo, crescendo, até que virou uma grande corporação.
O plebeu porém não se contentava com a presidência da corporação dos ferreiros. Fundou então uma corporação nova chamada CF - Corporação dos Ferreiros. Como era o fundador da nova corporação, adivinha quem foi o primeiro presidente?! Ele mesmo, o plebeu.
Nesta época o povo estava cansado de ser governado por uma dinastia que estava no poder a 21 anos. Foram cinco monarcas que se sucederam impostos pelo anteriores.
O povo foi às ruas. Milhões de súditos queriam mudanças.
Pois não é que o súditos conseguiram escolher o próximo rei?! Mas a sorte foi madrasta e o rei escolhido adoeceu um mês antes de assumir o trono, vindo morrer no dia da coroação.
O plebeu estava em grande atividade nesta época. Subia em todo e qualquer palanque disponível e até mesmo em caixotes em feiras livre, de onde fazia discursos inflamados contra tudo e todos. Com a sua horrível voz rouca parecia um pato grasnando. Mas ele era danado. Tinha o dom de engambelar o povo do reino.
Um dia seria rei e prometia um governo exemplar livre das maldades comuns nos reinados anteriores. Prometia um reinado com tudo funcionando nos conformes, dentro da maior honestidade. O povo seria a sua prioridade. O reino teria boas escolas, estradas; comida com fartura, segurança e tudo o mais.
O reino virou uma espécie de monarquia parlamentarista e a partir daí as eleições foram incorporadas na rotina da nação. A partir daí, participou de todas as eleições. Foi derrotado em três eleições. Mas ele nunca foi de desistir. Participou pela quarta vez e conseguiu ser eleito.
De cara, copiando descaradamente as ideias do último rei, implantou o Bornal-Família, Bornal-Lenha e muitos outros Bornais. O povo adorou. Muitos deixaram de trabalhar. Os Bornais isto e aquilo garantiam comida na mesa e lenha no fogão sem que os súditos suassem a túnica.
Ladino como ele só, copiou tudo que o último rei criara e mais: adotou a mesma o política econômica bem sucedida no reinado anterior, dizendo para todos que tudo era ideia sua e de seus companheiros, agora ministros do reino.
Tudo ia muito bem até que um dia o conselho do reino começou a criar uma série de dificuldades. As ideias do rei plebeu não eram mais acatadas de imediato como ele gostava. Um monte de projetos Bornal coisa e tal não passavam pelo crivo do conselho. As coisas estavam ficando difíceis.
O rei plebeu teve então uma ideia. Chamou o seu mais leal ministro, Zédicéu, e juntos colocaram um plano em ação. Membro do conselho que votasse a favor dos projetos rei ganharia sacos de moedas de ouro, feudos e emprego muito bem pago nas melhores corporações do reino. Tudo isto sem falar no prestígio e nas vantagens de serem comensais do rei, frequentadores privilegiados da corte e, com tal, notáveis do reino.
O rei plebeu combinou com Zédicéu que se alguma coisa desse errado ao longo da compra de votos no conselho, ele não sabia de nada. Zédicéu concordou porque estava implícito que mesmo que desse cáca, era costume que nobre não ia para a masmorra. Isto era tão certo quanto dizer que o rio corre para o mar, que a chuva era molhada e que caia de cima para baixo.
Mas como todo história tem um vilão desastrado, um belo dia um membro da corporação do correio real foi pego com uma bolsa cheia de moedas de ouro. Um outro cortesão não alinhado com a patota do rei descobriu a maracutaia e botou a boca no arauto das seis da tarde. Foi um Deus nos acuda !
A oposição ao rei começou a escarafunchar os negócios da corte e foi descobrindo malvadezas uma atrás da outra. Na mesma proporção espocavam os desmentidos e atribuição de culpa às bruxas da floresta negra, magos e videntes malvados.
Para piorar a coisa, acuado pela oposição, um notável de uma certa corporação, famoso por suas frases de efeito e pretensão a menestrel, confessou na feira de domingo, no largo da matriz, que recebera uma arca com 4 milhões de moedas de ouro e que este ouro era para ele e seus amigos votarem sempre a favor do rei no conselho dos notáveis. Disse ainda que inúmeros notáveis estavam recebendo ouro, feudos e títulos de nobreza e outros mimos. Espirituoso como sempre, afirmou que até projeto para revogar a lei da gravidade e a lei da oferta e da procura passariam batido entre os cavaleiros da távola quadrada.
Toda esta esculhambação veio a público através do arautos matutinos e vespertinos. O reino se levantou em indignação. Os súditos ficaram revoltados com o rei e a sua corte. Logo ele, diziam, que veio da plebe e que jurou uma CF modelo de honestidade e honradez, liderando esta bandalheira !
O rei plebeu jurou que não sabia de nada. O povo perguntou então como era possível Zédicéu e outros chegados armar esta feira livre para a compra de votos no conselho sem que o rei soubesse? Zédicéu não teria o topete de armar este plano diabólico sem comunicar ao rei e deste obter "o cumpra-se".
O escândalo foi crescendo, foi batizado de Moedão e começou a ultrapassar as fronteiras do reino, repercutindo nos arautos do mundo inteiro. A gráfica do Senhor Guttemberg, novidade e sensação da época, não parava de imprimir folhas avulsas com as últimas notícias do reino e do escândalo.
Por mais que o rei plebeu agisse nos bastidores para evitar a crise, o Moedão fugiu ao seu controle e foi parar no Supremo Tribunal Real.
O rei confidenciou a seus pares que havia uma esperança. O Presidente do STR fora nomeado por ele numa jogada de mestre. Este magistrado era mouro como Otelo e o primeiro desta raça a ingressar na alta corte.
Mandou então emissários ao mouro que escorraçou-os um após outro, deixando o rei indignado.
Chamou Xédicéu num canto e o ameaçou de excomunhão, masmorra e flagelo.
Zédicéu tinha que bancar o bobo da corte, manter o bico fechado e jamais entregar o rei. Instruiu-o ainda para que as investigações fossem dirigidas para um tal de Valerius, justamente o tesoureiro contratado para administrar o Moedão.
O processo do Moedão, apesar dos esforços do rei e da corte, foi mesmo para o STR.
Anos se passaram até que um belo dia saiu a sentença. O Ministro mouro provou por A mais B, C e D, que o Moedão era real. Não restava a menor dúvida de sua existência. As provas eram cabais, materiais e incontestes.
Zédicéu, Marcus Valerius e outros notáveis foram condenados e cumpriram pena no calabouço. Na verdade cumpriram um castigo tipo ficar no canto da cela, com a cara na parede e ajoelhados no milho por alguns meses. Outros menos culpados puderão sair para dar expediente nas suas respectivas corporações enquanto outros ficaram presos em seus castelos, proibidos, no entanto, de botar a cara na rua para ver a fanfarra real passar. O rei continuou se fingindo de morto, e posto, já que foi sucedido por uma rainha famosa por sua truculência, incompetência e indigência intelectual.
O ministro mouro virou uma unanimidade no reino, modelo de virtude e honestidade. Seria rei se quisesse e tivesse estômago para chafurdar na vala de detritos que começa na corte e ia até os burgos e vilas mais remotas. Preferiu pendurar a sua toga e a sua peruca. Um menestrel ainda hoje canta a sua saga, por todo o reino. Diz a lenda que ele se refugiou nos sertões do feudo das Geraes, bem longe dos seus desafetos invejosos e despeitados que queriam a sua caveira. Assim termina esta história. Quem quiser que conte outra.
Sua família era muito pobre e um dia seu pai resolveu se mudar para a maior cidade do reino em busca de uma vida melhor. Seu pai era do nordeste e nesta época a viagem de carruagem era muito cara. Então eles vieram de carroça, que era muito mais barato.
Ele foi crescendo e à medida que crescia mais e mais fugia da escola. Gostava de ser um analfabeto funcional. Como não gostava de estudar, foi procurar EMPREGO na corporação de ofício dos ferreiros. Começou como aprendiz e um belo dia, perdeu o dedo mindinho esmagado por uma marreta.
Praticamente aleijado, esperto que era, fez drama e convenceu um dos lideres da corporação de ofício dos ferreiros que estava inutilizado para o trabalho. Conseguiu ser afastado e até recebeu o atestado de incapacidade.
Mas como era muito preguiçoso, pensou lá com os seus botões: e agora ?...Preciso me enturmar com os práticos experientes e tentar ser um deles.
Tanto fez que conseguiu. Logo logo foi se infiltrando e subindo de posto entre os ferreiros. Ardiloso, traia um mestre aqui, outro ali. Hoje apoiava um mestre, amanhã outro. Fazia futrica e candonga e ia de um lado para o outro de acordo com as suas conveniências.
Não deu outra e um belo dia virou presidente da corporação de ofício dos ferreiros.
Aí então ele começou a agitar o reino com passeatas, comícios e manifestações nas porteiras dos feudos. Ele chamava seus colegas para a luta através de um brado que ficou famoso: " ferreiro unido jamais será vencido".
A corporação foi crescendo, crescendo, até que virou uma grande corporação.
O plebeu porém não se contentava com a presidência da corporação dos ferreiros. Fundou então uma corporação nova chamada CF - Corporação dos Ferreiros. Como era o fundador da nova corporação, adivinha quem foi o primeiro presidente?! Ele mesmo, o plebeu.
Nesta época o povo estava cansado de ser governado por uma dinastia que estava no poder a 21 anos. Foram cinco monarcas que se sucederam impostos pelo anteriores.
O povo foi às ruas. Milhões de súditos queriam mudanças.
Pois não é que o súditos conseguiram escolher o próximo rei?! Mas a sorte foi madrasta e o rei escolhido adoeceu um mês antes de assumir o trono, vindo morrer no dia da coroação.
O plebeu estava em grande atividade nesta época. Subia em todo e qualquer palanque disponível e até mesmo em caixotes em feiras livre, de onde fazia discursos inflamados contra tudo e todos. Com a sua horrível voz rouca parecia um pato grasnando. Mas ele era danado. Tinha o dom de engambelar o povo do reino.
Um dia seria rei e prometia um governo exemplar livre das maldades comuns nos reinados anteriores. Prometia um reinado com tudo funcionando nos conformes, dentro da maior honestidade. O povo seria a sua prioridade. O reino teria boas escolas, estradas; comida com fartura, segurança e tudo o mais.
O reino virou uma espécie de monarquia parlamentarista e a partir daí as eleições foram incorporadas na rotina da nação. A partir daí, participou de todas as eleições. Foi derrotado em três eleições. Mas ele nunca foi de desistir. Participou pela quarta vez e conseguiu ser eleito.
De cara, copiando descaradamente as ideias do último rei, implantou o Bornal-Família, Bornal-Lenha e muitos outros Bornais. O povo adorou. Muitos deixaram de trabalhar. Os Bornais isto e aquilo garantiam comida na mesa e lenha no fogão sem que os súditos suassem a túnica.
Ladino como ele só, copiou tudo que o último rei criara e mais: adotou a mesma o política econômica bem sucedida no reinado anterior, dizendo para todos que tudo era ideia sua e de seus companheiros, agora ministros do reino.
Tudo ia muito bem até que um dia o conselho do reino começou a criar uma série de dificuldades. As ideias do rei plebeu não eram mais acatadas de imediato como ele gostava. Um monte de projetos Bornal coisa e tal não passavam pelo crivo do conselho. As coisas estavam ficando difíceis.
O rei plebeu teve então uma ideia. Chamou o seu mais leal ministro, Zédicéu, e juntos colocaram um plano em ação. Membro do conselho que votasse a favor dos projetos rei ganharia sacos de moedas de ouro, feudos e emprego muito bem pago nas melhores corporações do reino. Tudo isto sem falar no prestígio e nas vantagens de serem comensais do rei, frequentadores privilegiados da corte e, com tal, notáveis do reino.
O rei plebeu combinou com Zédicéu que se alguma coisa desse errado ao longo da compra de votos no conselho, ele não sabia de nada. Zédicéu concordou porque estava implícito que mesmo que desse cáca, era costume que nobre não ia para a masmorra. Isto era tão certo quanto dizer que o rio corre para o mar, que a chuva era molhada e que caia de cima para baixo.
Mas como todo história tem um vilão desastrado, um belo dia um membro da corporação do correio real foi pego com uma bolsa cheia de moedas de ouro. Um outro cortesão não alinhado com a patota do rei descobriu a maracutaia e botou a boca no arauto das seis da tarde. Foi um Deus nos acuda !
A oposição ao rei começou a escarafunchar os negócios da corte e foi descobrindo malvadezas uma atrás da outra. Na mesma proporção espocavam os desmentidos e atribuição de culpa às bruxas da floresta negra, magos e videntes malvados.
Para piorar a coisa, acuado pela oposição, um notável de uma certa corporação, famoso por suas frases de efeito e pretensão a menestrel, confessou na feira de domingo, no largo da matriz, que recebera uma arca com 4 milhões de moedas de ouro e que este ouro era para ele e seus amigos votarem sempre a favor do rei no conselho dos notáveis. Disse ainda que inúmeros notáveis estavam recebendo ouro, feudos e títulos de nobreza e outros mimos. Espirituoso como sempre, afirmou que até projeto para revogar a lei da gravidade e a lei da oferta e da procura passariam batido entre os cavaleiros da távola quadrada.
Toda esta esculhambação veio a público através do arautos matutinos e vespertinos. O reino se levantou em indignação. Os súditos ficaram revoltados com o rei e a sua corte. Logo ele, diziam, que veio da plebe e que jurou uma CF modelo de honestidade e honradez, liderando esta bandalheira !
O rei plebeu jurou que não sabia de nada. O povo perguntou então como era possível Zédicéu e outros chegados armar esta feira livre para a compra de votos no conselho sem que o rei soubesse? Zédicéu não teria o topete de armar este plano diabólico sem comunicar ao rei e deste obter "o cumpra-se".
O escândalo foi crescendo, foi batizado de Moedão e começou a ultrapassar as fronteiras do reino, repercutindo nos arautos do mundo inteiro. A gráfica do Senhor Guttemberg, novidade e sensação da época, não parava de imprimir folhas avulsas com as últimas notícias do reino e do escândalo.
Por mais que o rei plebeu agisse nos bastidores para evitar a crise, o Moedão fugiu ao seu controle e foi parar no Supremo Tribunal Real.
O rei confidenciou a seus pares que havia uma esperança. O Presidente do STR fora nomeado por ele numa jogada de mestre. Este magistrado era mouro como Otelo e o primeiro desta raça a ingressar na alta corte.
Mandou então emissários ao mouro que escorraçou-os um após outro, deixando o rei indignado.
Chamou Xédicéu num canto e o ameaçou de excomunhão, masmorra e flagelo.
Zédicéu tinha que bancar o bobo da corte, manter o bico fechado e jamais entregar o rei. Instruiu-o ainda para que as investigações fossem dirigidas para um tal de Valerius, justamente o tesoureiro contratado para administrar o Moedão.
O processo do Moedão, apesar dos esforços do rei e da corte, foi mesmo para o STR.
Anos se passaram até que um belo dia saiu a sentença. O Ministro mouro provou por A mais B, C e D, que o Moedão era real. Não restava a menor dúvida de sua existência. As provas eram cabais, materiais e incontestes.
Zédicéu, Marcus Valerius e outros notáveis foram condenados e cumpriram pena no calabouço. Na verdade cumpriram um castigo tipo ficar no canto da cela, com a cara na parede e ajoelhados no milho por alguns meses. Outros menos culpados puderão sair para dar expediente nas suas respectivas corporações enquanto outros ficaram presos em seus castelos, proibidos, no entanto, de botar a cara na rua para ver a fanfarra real passar. O rei continuou se fingindo de morto, e posto, já que foi sucedido por uma rainha famosa por sua truculência, incompetência e indigência intelectual.
O ministro mouro virou uma unanimidade no reino, modelo de virtude e honestidade. Seria rei se quisesse e tivesse estômago para chafurdar na vala de detritos que começa na corte e ia até os burgos e vilas mais remotas. Preferiu pendurar a sua toga e a sua peruca. Um menestrel ainda hoje canta a sua saga, por todo o reino. Diz a lenda que ele se refugiou nos sertões do feudo das Geraes, bem longe dos seus desafetos invejosos e despeitados que queriam a sua caveira. Assim termina esta história. Quem quiser que conte outra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário