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21/04/2015

Acabei de assistir Barcelona 2 x 0 PSG. Um grande jogo com total supremacia dos merengues.
Aí bateu tristeza e até inveja porque o nosso futebol já era, pertence ao passado, aos idos tempos da pura arte, da malemolência, da finta fácil e de outros tantos atributos que fizeram do Brasil o país do futebol.
5 títulos mundiais e depois o deitar em berço esplêndido, a acomodação, esquecidos que o futebol evolui, como de resto, tudo nesta vida.
Não bastasse o cochilo descuidado, fomos e somos assolados por uma praga - a cartolagem amadora, corrupta e preocupada apenas em usar os clubes para o seu benefício, enriquecimento e promoção pessoal.
No comando das quadrilhas encastelada nos clubes e federações estaduais, a famigerada CBF - uma entidade anti-democrática onde se perpetuaram os Havelange, Marins e agora, por último, Deus sabe até quando, o suspeitíssimo Del Nero.
Passam os anos e o nosso calendário atende as conveniências da Rede Globo associada aos interesses da cartolagem, da FIFA e de outros interesses escusos ainda não identificados mas certamente pendurados nas tetas pródigas do business futebol.
Poucos clubes investem seriamente nas divisões de base. Os garotos revelados, tão logo aparecem, escapam ao controle dos clubes e caem nas mãos da praga dos empresários. Estes aproveitam-se dos contratos "descuidadamente" mal feitos pelos clubes e embarcam a molecada boa de bola para os clubes da Europa e para outras paragens menos cotadas mas não menos lucrativas. Depois é só dividir o botim e arranjar boas desculpas para se justificar com as torcidas indignadas.
A decadência começou em 1994. Após a copa do mundo, começou a debandada de nossos craques para a Europa. Nosso futebol é o único do mundo capaz de revelar 4 ou 5 jogadores de alto nível por ano. Terminado cada brasileirão, em questão de meses, aberta a famigerada janela de transferências, começava a revoada para o velho mundo.
Ficamos com os meia-boca e com os mais ou menos. A cada ano o Brasileirão fica mais brasileirinho e a gente tem que se contentar com o arroz com feijão, enquanto as "oropa", repleta de craques, se banqueteia às nossas custas.
Como diz o povão, desgraça pouca é bobagem. E para nosso infortúnio, um outro fenômeno se verifica: o distanciamento e o desinteresse crescente do povo com a seleção canarinho. De 94 para cá, a cada dia menos ruas pintadas, menos expectativa com a proximidade das copas do mundo. Quanto aos jogos amistosos da seleção, nem vale a pena comentar. O Ibope deste jogos empatam com os inexpressivos índices da Fórmula 1.
O povo está se esquecendo da seleção. Nossos craques não jogam mais em nossos clubes. Não há mais nas esquinas, bares e botecos, as apostas para ver qual clube cederá mais jogadores para a seleção.
O tempo passou e hoje recorro às minhas lembranças em preto e branco revivendo o nosso futebol que encantava e despertava inveja mundo afora.
Dureza é que hoje nós é que somos os "cintura dura". Lá nas "oropa", os gringos aprenderam o jogo, administram o esporte como uma empresa, aperfeiçoaram táticas, investiram em sua garotada branquela e hoje, vira e mexe, nos humilham com chocolates - alguns muito amargos como o 7x1 do Mineirão.

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