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11/09/2014

Ontem o Ministro Ricardo Lavandovsky tomou posse como presidente do STF. A propósito, hoje pela manhã, o jornalista Ricardo Boechat(rádio Bandnews) comentou o seu discurso de posse, no qual este fez criticas veladas à conduta e aos métodos pouco ortodoxos do Ministro Joaquim Barbosa. Boa parte dos ministros da casa endossaram a fala de Levandovsky, bem como a Associação dos Magistrados Brasileiros e a OAB.
Disse mais o novo presidente do STF: afirmou que o Brasil é uma ilha de tranquilidade no cenário mundial, graças à atuação do judiciário e da ação profícua dos mais de 18.000 juízes brasileiros.
O jornalista da Band deixou no ar uma pergunta, indagando ao ministro recém-empossado, e a seus pares, qual seria o motivo pelo qual o Ministro Joaquim Barbosa logrou o respeito e tamanha empatia com o povo brasileiro.
À pergunta de Ricardo Boechat acrescento, por partes, os meus pitacos: na ilha de tranquilidade Brasil registram-se mais de 50 mil homicídios por ano - número que rivalisa com as mortes verificadas na guerra civil da Síria, na guerra do Vietnam ou qualquer outro conflito passado ou em curso no mundo.
Mais: aproximadamente 250 mil processos de presidiários ainda não foram julgados, de modo que 250 mil presos não tem a sua situação analisada, permanecendo reclusos e sem perspectiva de regularizar a sua situação. Esta situação poderia estar resolvida, ou pelo menos atenuada, não fosse a morosidade de nosso judiciário e os recessos de 2 meses que os nossos juízes gozam por ano.
A aposentadoria precoce do Ministro Barbosa fez com que a paz e a tranquilidade voltassem a fazer parte do dia a dia do supremo. Tudo ficará como antes no quartel de Abrantes. A contundência de Jaquim Barbosa será substituída pelos rapapés e sentenças condescendentes, por divergências elegantes e resultados previsíveis.
Quanto ao respeito conquistado pelo saudoso Ministro Joaquim Barbosa, saibam vossas excelências, ele vem de longa data, mais especificamente em 2005(salvo engano quanto a precisão do ano citado), quando este concluiu o seu relatório condenando os quadrilheiros do mensalão. Neste relatório, Joaquim Barbosa abriu mão do tecnicismo empolado, consagrando a clareza e o bom entendimento por parte de tantos quanto dele tomassem conhecimento. 
O destemor, a objetividade e a clareza deste relatório ensejou matéria de capa da revista Veja(tenho este exemplar guardado) e do dia para a noite Joaquim Barbosa foi colocado, com justa razão, sob os holofotes da mídia falada, escrita e televisiva.
A nação se espantou com a coragem e o despojamento do ministro Barbosa. Reconheceu nele uma exceção à empáfia e ao "Jurisprudez" correntes nos tribunais superiores, e mais do que isto, rendeu-se à excepcionalidade de um magistrado contrariando interesses do executivo gestor do escândalo de proporções homéricas.
Era demais!...a vaidade dos ministros foi a nocaute. O ministro presidente do STF, negro ainda por cima, virou unanimidade nacional. 
O tempo passou e as coisas pioraram para os togados da suprema corte. Em 2013 Joaquim Barbosa sentenciou a corja do mensalão, mandando para o xilindró os notáveis do PT. Nunca antes na história deste país colarinhos brancos viram o sol nascer quadrado.
Uma luz no fim do túnel foi vislumbrada e o brasileiro comum teve um fiapo de esperança. Afinal o ladrão de galinhas e os poderosos dividiriam a cela, a quentinha e os banhos de sol no pátio.
Joaquim Barbosa merece o respeito e a reverência do povo brasileiro. Mais admiração merece ainda por sua falta de ambição. Após a sua aposentadoria, se quisesse, seria candidato à Presidência da República. E ganharia de lavada. Alguém, em são consciência, tem dúvida de que seria eleito com votação consagradora?
Hoje recolhido aos bastidores, Joaquim Barbosa é cortejado por todos os candidatos à presidência. Uma palavra sua de apoio a esta ou aquela candidatura seria uma mão na roda. A bem da verdade, muito mais do que uma mão na roda, o apoio de Joaquim Barbosa tornaria a vitória do agraciado mais fácil do que bater em bêbado ou tomar doce de criancinhas.
Joaquim Barbosa foi uma pedreira no sapato dos ilustríssimos juízes do STF. Não é mais. Para felicidade geral e irrestrita do togagos, ele agora está na sua - bem longe dos despeitados e rancorosos coleguinhas de preto. Mas no coração do povo brasileiro que tem nele uma referência de respeitabilidade, competência e coragem.

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