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04/11/2021

 


A dor mais certa do mundo hoje bateu à porta da família de minha amada Maria.

Joaquim Duarte Filho (QUIM) - irmão mais velho de minha mulher, morreu está madrugada. Morreu dormindo obtendo aquela graça que o nosso Pai - Senhor dos Universo - reserva a poucos.
Durante os meus 72 anos de vida não conheci alma mais elevada do que a de QUIM, Convivemos por 45 anos e neste longo período foi constatando a sua elevada espiritualidade.
Quantas e quantas vezes, em nossas conversas, comentei sobre pessoas que nos fizeram sofrer, pessoas más, espíritos atrasados - outros notórios caráteres mesquinhos que infestavam a humanidade e que tanto mal causaram em suas trajetórias.
QUIM NUNCA, eu disse NUNCA emitiu um comentário. Era óbvio que concordava comigo sobre a pessoa ou personalidade de quem eu falava. Mas JAMAIS emitiu um comentário desairoso, uma palavra dura ou uma crítica mordaz.
Vocês conheceram pessoas com tal grandeza de espirito em suas vidas? Se me permitem, duvido.
QUIM não tinha nenhuma afinidade com a palavra NÃO. Era como se o vocábulo não fizesse parte do dicionário.
Foi piloto de jato na Mendes Júnior quando a construtora estava no auge, conduzindo a alta diretoria da empresa por este mundão de Deus. Mas se comportava com os patrões do alto escalão da mesma forma com que tratava os faxineiros da empresa. Todos eram iguais para ele. A todos brindava com aquele seu sorriso manso e radiante bondade.
JAMAIS jactou-se de seu status de Comandante. Dava a impressão de que era um pedreiro. Ninguém dava nada por QUIM. Nós que tivemos o privilégio de conviver com ele por tantos anos fomos aprendendo ao longo do tempo, quão sublime era o seu espírito, e, de certa forma, o invejávamos porque QUIM estava anos-luz à nossa frente na longa escalada para o encontro definitivo com Deus Pai.
Sou católico, mas acredito na reencarnação. Se ela existe, QUIM voltara, talvez pela última vez, encarnado em um bebê que viverá poucos dias, cumprindo a última etapa para voltar a uma das moradas do pai que certamente o acolherá com um sorriso Divino e o colocará à Sua direita para alguns dedos de prosa celestial.
QUIM foi um anjo descuidado que tropeçou em uma nuvem e veio cair em nosso planetinha azul.
Por aqui foi deixando cair rosas a cada passo, sem saber que era desnecessário marcar o caminho de volta à glória do céu.
Adeus ou até breve, meu cunhado querido. Você vai ter que ter paciência porque eu, certamente, vou demorar a percorrer o caminho até a luz definitiva.
Enquanto isto vou carregá-lo em meu coração, trancado a sete chaves, para resguardar o diamante que irradiará brilhos e fulgores, iluminado a minha alma e o meu espírito com a bondade que você distribuiu a todos sem parcimônia.
Seu legado de amor é um tesouro que mostrei a meus filhos ao longo de sua formação. Sempre que os aconselhava, você era a referência de caráter, bondade, honestidade, empatia e amor.
Sorte minha que seguiram os meus conselhos e se espelharam em você. Ainda assim admito que eles estão no vácuo de sua célere ascensão para a paz definitiva, nas alturas onde agora você vive, certamente orando por nós ainda espíritos primitivos.
Se os justos herdarão a terra, você herdou o paraíso, nesta breve trajetória de 79 anos vividos neste mundo que nunca foi o seu. Você foi um farol orientando nossas virtudes para porto seguro do respeito e amor ao próximo - o maior legado de Cristo.
Apagado o farol, você agora é um cometa viajando pelo cosmos para encantamento de tantos quanto têm olhos para o belo, de tantos quanto tiveram o privilégio de conviver com a sua luz percorrendo nossas vidas, como se as belezas no universo tivessem ao alcance de nossas mãos e olhos hoje marejados.

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