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04/09/2021

RECUERDOS

Devia ter jogado o seu retrato fora
Para que você não me olhe assim.
Devia tê-lo rasgado e ir embora,
Maldizer a sorte por fim.
Seu olhar doce me assombra
Com uma saudade quase infinita.
Quero deixar de ser a sua sombra,
Desatar o laço, desamarrar a fita
Da caixinha forrada de veludo
Com o seu retrato ainda colorido
A desdenhar do tempo que o ameaça.
Consumir-me com o seu sorriso mudo
A me desdenhar sem alarido:
Ferido, com medo, feito caça.

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