POSSE

Vós que sois a minha vida
Por que dela tripudias?
Foste em vós tal ferida
E mais de ti te apiedarias.

Vós que sois o meu sol,
por que me vens só entre nuvens?
Sois de minhas tardes o arrebol;
quase nada que ainda me convém.

Vós que nunca será minha,
Por que me iludes com fulgores
Que tão pouco me ardem?

Saiba, todavia, que és minha rainha
E que são meus os teus favores;
Pois debalde é impedir os que me invadem.