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05/07/2019

NATURAL
Assim como a plantinha insiste
em brotar nas fendas do concreto;
assim como o pólen faz-se mel,
eu te amo contra todas as forças
de minha natureza.
Assim como o riacho erode o rocha,
como o vento aplaina a cordilheira,
eu te amo indiferente ao tempo.
Meu tempo é eternidade,
teimosia do cactus no deserto,
sede de náufrago em alto mar.
Eu te amor além das minhas forças;
como um Atlas carrego o mundo
que a teus pés coloco humildemente.
Ainda que ele pese tanto
e que meus ombros verguem mil cansaços,
eu me curvo, caio e beijo a terra
onde teus pés deixam rastros por onde eu for.
Este amor que me consome
Há de ter em outras terras outro nome,
posto que é loucura consentida,
fé e heresia abominável.
Perdoe-me, Pai, tal desatino:
é coisa de homem que se faz menino.
Este amor há de ser o fruto do meu ventre
dado à luz por um capricho teu.

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