MÃE

Teu porta-retrato ao lado

e a minha saudade

por aí vagando.

Planície sem fim,

horizonte eterno

para muito além de mim.

Esta escuro e tenho medo.

Procuro tua mão

e bem baixinho,

quase em segredo,

murmuro mãe

em meu degredo.

O porta-retrato me sorri,

teu sorriso entronizado

é altar e tua ausência,

incenso ascendente
pelo tempo dispersado
Apago a luz do quarto

e rezo a oração do anjo,

meu zeloso guardador.
Cresci, atravessa-me na ponte

sobre o rio volumoso.

Contigo, são e salvo,

chegarei ao outro lado.

O rio agora é mar bravio.

De medo tremo como eu tremia...

Ainda sou o teu menino,

fica mais um pouco comigo.

Me abraça e me beija.

Finja que não morreu

Sonha comigo a teu lado.