Páginas

22/04/2018

MENESTREL
Meus olhos que de mim partiram,
viajam pelos caminhos do enorme mundo
em busca dos vossos por mim perdidos;
como sempre de mim ausentes,
como sempre se cumpriu, distantes.
E se hoje vago errante pelas sombras,
a vós dedico meus pesares e martírios.
Ao sabor dos ventos e tormentas
hão de compreendê-los os piedosos
nas paragens mais recônditas e perdidas,
como lhes apraz acudir aos desvalidos
como é mister apiedarem-se dos vencidos.
Careço tê-los porque os quero ver
felizes como outrora foram
ao contemplar-te com amor.
Quero-os reluzentes, luz e fogo,
não assim tão desgostosos,
pejados por grandes tristeza,
Quero-os novamente vivos
ante os teus, se lhe convém,
iluminar-lhes com o teu belo rosto.
Enfim jazem quase mortos.
Sua última centelha a vós dedico
como as braçadas de flores
que nunca pousei em vossos braços.
Aceite-as, ainda que tardias,
com todo o meu afeto
e orvalhado pranto.
Hão de dobrar os sinos o mal augúrio
E o seu lamento ecoando pelo vale
há de proclamar a solidão que canta
como um lúgubre menestrel da morte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário