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11/11/2017

PROCURA-SE
Andei compartilhado pela vida afora
achados e perdidos de estimação.
Repassei telefones, endereços
e detalhada descrição.
Agora dei falta de uma coisa
que deixou um oco indolor.
Ele é vermelho como o seu
e com certeza não é de papel.
Ele é igualzinho ao seu
e sofre como o meu
que se perdeu.
Se alguém souber seu paradeiro
ligue pra mim e vou correndo
buscá-lo por aí perdido.
Se encontrá-lo, cuidado.
Trate-o com carinho.
Ele é sensível.
Se magoa fácil.
Tem ciúme de tudo.
Desenganado palpita,
fibrila e exita
ao menor sinal de dor.
Foi muito mal acostumado
com os mimos de um amor antigo.
Não sem preocupe com a embalagem.
Pode ser uma caixa de sapato
ou uma cesta de vime.
Se tem uma coisa que o redime
é o seu zelo e o seu ato
de trazê-lo para o dono
como se o meu abandono
e o desuso desumano
não tivesse esquecido
que alegria é preciso
ainda que imprecisa
em se tratando de amor.
Não exagere no trato.
Ele é capaz, no ato,
de se apaixonar por você.
Ele é vacinado
contra o pouco caso
e o desamor.
E se bater dissonante
ainda que por num instante,
pronto, fugiu de novo
atrás do circo do amor.

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