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14/11/2017

ONTEM
Joguei o meu peão
e no rodopio
o peste resvalou na memória 
e furou meu coração.
Tracei o triângulo,
apurei a mira
e a minha bolinha
tirou da geometria
a sua que saia
pra fazer companhia
a outras tantas
da minha coleção.
No campinho de pelada
dei um baile no garrincha
e o pelé foi meu joão.
De Kchute, conga
ou de Bamba
fui o bamba
da seleção.
Sou mocinho,
fui bandido.
Mãos ao alto,
não se mexa...
Tá morto.
Meu revólver
de mil tiros
nunca falha,
não masca,
é bom de mira
e sempre acerta
o coração.
Morria e não sangrava
sempre renascido
galopando meu alazão.
Com a máscara do Zorro,
tonto de emoção,
deixei a marca da caveira
na cara do bandidão.
Quando a barra pesava
sempre me acudia
o 7 de Cavalaria
ou então Jerônimo,
o herói do sertão.
O vento ventava em agosto,
o papagaio subia
pra cair, que merda,
bem no teto da vizinha,
de onde eu sempre caia
Catapimba no chão.
Ralava o joelho.
Engolia o choro.
sou macho.
Homem que homem
não chora.
Só de noite,
no escondido da noite,
bem longe da Ritinha
dona do meu coração.
A vida foi perdendo
a graça
e a emoção.
Por rebeldia
um dia eu volto
pras planícies do Arizona
ou pro luar do sertão.
Aqui não fico.
Te encontro na fila
do cinema.
Vamos trocar gibis
antes da sessão.
Domingo tem
continuação.
The End

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