Na minha modesta opinião, a palavra mais linda do português é TERNURA.
Ternura parece mistura de brisa com dente-de-leão - a flor mais singela e delicada do mundo.
Se ternura tivesse cheiro, teria o cheiro de bebê.
Ternura me emociona. As vezes esta palavra mágica me vem à cabeça e, assim sem mais. fico repetindo ternura, ternura, ternura. Gosto de repeti-la mentalmente como se fosse um mantra.
Ternura é mel e delicada como um adeusinho de criança de maternal.
A última vez que senti ternura com toda a sua delicada intensidade foi a muito tempo atrás. Mais exatamente quando me apaixonei pela primeira vez. Eu tinha 7 anos e cai de amores por minha vizinha. Ela era um pouco mais velha do que eu. Seu nome era Antonella - uma linda ruivinha filha de um casal italiano. Seu pai era diretor da Companhia Brasileira Carbureto de Cálcio em Santos Dumont, Minas, minha terra natal.
Amar aos 7 anos é uma coisa deliciosamente estranha e poderosa. O desejo é embrionário. A mim bastava vigiar o portão de sua casa. Torcia para que ela saísse e atravessasse a rua em minha direção.
Antonella gostava de mim. Muitas vezes a fadinha vinha ao meu encontro e conversa comigo. Eu ali pasmo, riso agarrado. Olhos molhados de emoção. Tenso e em estado de graça ao mesmo tempo.
Hoje tenho a certeza de que este caleidoscópio de emoções multicoloridas aconteceu quando precocemente amei Antonella. Foi então que a TERNURA se manifestou transbordando magia e delicadeza.
Cresci, namorei, casei e mudei. Encantei-me com a ternura de algumas mulheres raras. Procurei ser terno com todas. Mais ou menos, de acordo com o seu merecimento.
Mas aí está o âmago da questão: se alguém pode lançar mão da ternura com quem abre um porta-joia, este alguém é a mulher. Elas têm a ternura latente na alma. São como os diamantes que não foram achados em um veio aparentemente esgotado. Felizes os que descobrem nas mulheres a ternura que escondem para um dia repartir.
Aquele olhar estonteantemente doce, aquela cabeça mansamente apoiada em nosso ombro, isto é ternura. E a ternura delas pode muito mais do que supõe a nossa vão filosofia.
Àquela entrega furiosa sempre antecede um larga-se na cama como uma pluma que se desprendeu da asa de um anjo. Nunca percebeu? Repare, então.
Aprendi ternura com a Antonella dos meus verde anos.
Minha filha caçula chama-se Antonella. Parece que consegui materializar TERNURA.
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