Páginas

27/05/2015

CORDEL DO SHOPPING VIRTUAL
Se achegue meu povo amigo
pra ouvir de minha boca
a história que vou contar. 
A verdade trago comigo
e dela não me afasto
nestas mal traçadas linhas
que passo a escrevinhar.
A história é cabeluda
do princípio até o fim.
Vou ser fiel ao fato
e tim-tim por tim-tim,
vou falar a verdade,
vou ser fiel no relato
deixando o melhor pro fim.
Pois lhe digo seu moço
que o caso acontecido
aconteceu em Brasília
em pleno planalto central,
onde formou-se a quadrilha
que assaltava de mão limpa
como nunca se viu igual.
Mas não pense em trabuco,
arma de fogo ou punhal,
andam de mão vazia
e roubam noite e dia,
trajando terno e gravata,
com muita labia e bravata
lero-lero e coisa e tal.
A pois então chegou a hora
e agora vou perguntar
onde fica o esconderijo
deste bando de prestígio,
com mestrado e doutorado
que não se faz de rogado
na hora de trapacear?
O bando se refugia
no congresso nacional,
onde em plena luz do dia
os nossos representantes,
estes audazes meliantes,
passam por cima da lei
e da Polícia Federal.
Enquanto você batalha,
se vira nos trinta e labuta
os nobres colegas, de boa,
fingem que vão à luta
combater o bom combate.
E tome discurso vazio,
Blá blá blá, patibitate.
A semana dos bandoleiros
começa na quarta-feira
quando armam o bote
e pulam no seu cangote
direto na jugular,
onde de canudinho
o seu sangue vão chupar.
Quem muito quer tudo perde
e foi isto que sucedeu.
De tanto ser chupa-cabra
o bando se esqueceu
e foi com sede ao pote,
dando no volume morto
do povão que quase morreu.
Diante do quadro sinistro
o chefe do bando sacou
mais um coelho da cartola
e aos cumpanhero mostrou
do shopping o novo projeto
e sem delongas, papo reto,
sobre o próprio explanou.
Nosso shopping vai bombar
e a concorrência que se pique
pois nós vamos arrasar.
Podem rufar os tambores
e na caixa dar repique
que a festa vai ser grande
e sem hora pra acabar.
Vai ter loja de cueca,
pizzaria e casa de câmbio,
locadora de carango
e uma grande lavanderia.
Enquanto a mídia grita
a gente não facilita
e toca a obra em dia
Vamu qui vamu, cambada
que a eleição tá distante
é hora de fazer caixa
e de superfaturar.
Se liga que num instante
o infeliz do Sérgio Moro
pode nos enquadrar.
A verba já foi aprovada
e o TCU vai se mancar
que não compensa o trabalho,
pois a carta do baralho,
previamente marcada,
foi sutilmente forjada
pra todo mundo ganhar.
Aguarde pra muito breve,
bem perto de sua quadra,
o nosso shopping virtual.
Se a obra parar no meio
não tenha o menor receio,
uma vez que o seu imposto
está muito bem empregado
em um lindo paraíso fiscal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário