Edir Macedo começou com "templos" iguaizinhos aos da rua que faz esquina com a minha, em Belo Horizonte. O primeiro foi consagrado em uma lojinha ao lado da passarela que liga meu bairro ao centro. O segundo templo, na mesma rua, um pouco mais acima, em um galpão antes usado como lava jato. As "igrejas" vão muito bem, obrigado. Enquanto o primeiro "pastor" ampliou o seu negócio, agora instalado em sede própria com mais ou menos 500 m2, o segundo, com mais tino comercial, ergueu a "sua" casa de Deus com o dobro da área do templo vizinho. Desnecessário dizer que ambos, sem eira nem beira, um belo dia ordenaram-se "Bispos" sem um dia de seminário e sem ao menos calçarem as sandálias da humildade para se auto-ordenarem padres.
O negócio "Fé" hoje é de longe o Business mais bem sucedido no Brasil. Não pagam impostos e tem seguidores mais fanáticos do que os de clubes de futebol. Estes compram com o coração e fazem suas aquisições emocionais sem pestanejar - sejam camisas, bonés ou quinquilharias licenciadas pelo clube, enquanto os fiéis, a peso de ouro, garantem um lugarzinho no céu, recebem indulgências por seus pecados cabeludos ou são remidos por pecadilhos veniais através de generosos dízimos.
Neste contexto, Edir macedo é um caso à parte. Trata-se de um gênio na arte da enganação e do engodo. Sua oratória deixa Cícero no chinelo, se levarmos em conta o seu poder de convencimento. Muitos se recordam da reportagem do Jornal Nacional há uns 15 ou 20 anos atrás. Nesta matéria, Edir Macedo e alguns de seus bispos, exibiam SACOS de dólares e zombavam dos féis otários que lhes proporcionavam aquela riqueza. A repercussão foi enorme e quando se pensou que o escândalo abalaria os alicerces da Igreja Universal, não é que o Edir Macedo convenceu seus seguidores que tudo não passava de armação da Rede Globo, incomodada com o crescimento dos negócios do bispo? Segundo Edir, a Globo era instrumento do diabo e o intuito deste era eliminar sua igreja disposta na linha de frente para combater o nefasto.
A praga das igrejas universais, pentecostais e outras está no nosso dia a dia, dilapidando economias suadas de gente humilde e crédula. Pessoas do povo desiludidas com governos e instituições que lhes prometem o céu e lhes entrega o inferno do ensino decadente, da insegurança pública, da saúde indigente e outras tantas mazelas decorrentes do abandono do cidadão entregue à má sorte de ser brasileiro. Neste terreno insalubre e pantanoso prosperam os mercadores da fé e suas promessas do paraíso. Mas o paraíso tem um preço a ser pago através das "doações" que permitem a obra dos abnegados bispos e pastores do reino de Deus em sua luta cotidiana contra belzebu.
Nesta folha corrida de crimes consta um contra a minha família, vítima de estelionato engendrado pela igreja do Sr. Edir Macedo. Por volta de 1998, minha tia-avó Ceres Garbero, doente e solitária, deixou-se seduzir pelo canto da sereia e ingressou na Igreja Universal. Pouco tempo depois sacou TODO o dinheiro de sua poupança (80 mil reais) e fez a sua doação para uma determinada obra da igreja. Tia Ceres morreu e a sua doação certamente é um dos tijolinhos no templo faraônico do bispo Edir e seus sequazes.
A 171 S/A tem agora uma matriz e a julgar pelo seu porte é de se esperar arrecadação proporcional. Para o gran-finale desta triste comédia de enganos não poderia faltar o aplauso e a conivência dos poderosos, representados no evento pela nata do poder, através da Excelentíssima Presidente da República, seu vice, o governador e o prefeito de São Paulo.
Diante desta aparição pública ao lado dos próceres da organização criminosa travestida de igreja, deparo-me com a minha indignação sem adjetivos capazes de dimensionar o meu nojo e revolta. Onde há dinheiro (MUITO) existe a certeza de troca de favores. O governo faz vista grossa para os desmandos da igreja universal. A igreja do Edir vota em peso com o governo. E assim caminha a humanidade e o secular de braços dados com o poder eclesial, qualquer que seja a sua origem ou orientação. Sirva a Deus ou ao diabo.
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