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21/06/2021

 A pouco tempo assisti a um vídeo criticando as redes sociais, alegando que elas aproximam as pessoas distantes e afastam as que nos rodeiam. É verdade. Mas o tal vídeo continuava malhando, num corolário para demonstrar quão perniciosa são as redes.

Nosso afastamento ou o pouco tempo que dedicamos aos nossos próximos - e aí me refiro à família -, é quase uma contingência do mundo moderno, principalmente nas grandes cidades. Nossas jornadas de trabalho, deslocamento no trânsito, reduzem dramaticamente nosso contato com a mulher, o marido, os filhos e amigos, sem falar ainda na parafernália de eletrônicos a nos distrair e roubar tempo para os outros.
Tudo isto é verdade. Todavia, esta negligência no âmbito da família é um buraco mais embaixo. E se nela as pessoas não se falam ou falam pouco, se nela a omissão é a via de regra, parece-me que esta família está doente e precisa de acompanhamento psicológico ou pelo menos de uma outra terapia específica para reaproximar seus componentes e fazê-los ver que sua "doença" é coletiva. E que todos, sejam quais forem as razões desse comportamento, precisam rever seus conceitos e prioridades.
Assim não me parece que as redes sociais sejam a razão desta abstração do outro. Podem ser um elemento desagregador mas não o seu componente principal.
Quanto à parte que me toca, vejo as redes sociais como um instrumento maravilhoso que aproxima e possibilita reencontrar velhas amizades perdidas no tempo e nas estradas da vida. Permitem expor nossas idéias, nossas aspirações diversas; criticar, influenciar, ponderar. Enfim, retira-nos do ostracismo impostos justamente pelas dificuldades que o mundo moderno impõe ao nos escravizar com o seu cotidiano alucinado.
Ideal seria que as pessoas, em seu círculo de amizades e parentescos, redescobrissem a importância do outro através do prosaico e eficiente dedo de prosa. Se não é mais possível colocar as cadeiras na calçadas à tardinha, pelo menos é razoável começar a praticar o hábito de jantar juntos. Não é mais possível visitar os amigos e parentes com a frequência de antigamente, pelo menos é possível um telefonema para saber como vão uns e outros. Não há tempo para brincar com os nossos filhos? Então vamos otimizar o pouco tempo com eles, entrando de verdade no seu mundo, viajando juntos pelos reinos encantados para além da imaginação.
São muitas as possibilidades. Descobri-las é um exercício pessoal de boa vontade para estreitar ou recuperar laços de ternura, amizade, companheirismo.
Tudo é uma questão de adaptação. Ou do desejo sincero de minimizar os efeitos nocivos do mundo de hoje, cheios de compromissos e tarefas.
As redes sociais não são desagregadoras ou ferramentas do egocentrismo, da vaidade ou autopromoção pessoal. Elas são o que fazemos dela. Para o bem e para o mal.
O problema somos nós e as nossas escolhas e atitudes.
Adriano Jales, Leíse H. Loureiro Carvalho e outras 4 pessoas

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