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27/03/2015

OPINIÃO


Por mais que eu queira me distrair com poesias, música, artes, não tem jeito. Por mais que eu queria me distrair com os meus amigos presenciais e com os do Face, não há como fugir do baixo astral que me é imposto pelo noticiário do Brasil atolado no pântano fétido da corrupção.
Havia sinais de fumaça no horizonte e hoje o incêndio é real e se alastrou.
Acabei de ouvir o Ricardo Boechat (BandNews-FM) divulgar o escândalo da semana. A Polícia Federal descobriu um mega esquema na Receita Federal, gestado no conselho desta e onde se julga recursos por autuações e multas impostas a grandes empresas. 
A coisa funcionava assim: uma empresa era autuada e intimada a pagar uma multa de (digamos) 200 milhões de reais. Após um acordo amigável entre as partes, a multa caia para uns 20 milhões. Alegria geral, sorrisos e prováveis comemorações em algum puteiro de categoria.
É quase certo que bancos, empreiteiras, indústrias e outros pesos pesados estão envolvidos até o pescoço em mais este mar de merda.
A maracutaia monta a 19 bilhões de reais - grana para encher uma carreta baú.
Parece que não resta uma ilha de honestidade em nosso país. E se há, está cercada por oceanos de trambiques, furtos e roubos, desvios de verbas, licitações viciadas e de toda "sorte" de bandalheiras.
Nojo, revolta, indignação, perplexidade, desânimo.
Qual será o escândalo da semana que vem? Deve ser o do BNDES, que já vem exalando mal cheiro e dando a pinta que o esgoto estourou mas ainda não chegou na superfície.
Estamos assistindo a uma escalada sem precedentes no histórico da corrupção. O gráfico ultrapassou a margem do quadro e o traço vermelho está perto do teto do IBGE. Mais um pouco e será preciso criar um novo instituto, nos moldes do original, e com a mesma sigla - IBGE(Instituto Brasileiro de Gestão de Escândalos).
Os escândalos se sucedem como se os últimos não tivessem em fase avançada de investigação e próximos de entrar na fase de julgamento, sentença e recolhimento dos envolvidos no xilindró.
Isto quer dizer que a corrupção é endêmica e assim como a peste negra mata em tal quantidade que impossibilita enterrar todos os mortos. E estas mortes não são figura de retórica.
As fortunas desviadas pela corrupção matam a toda horas nos hospitais desaparelhados, nas estradas esburacadas e mal sinalizadas; na morte prematura de futuros comprometidos pela falta de educação e de capacitação profissional e por aí a fora num genocídio sem cadáveres explícitos, mas mortinhos da silva.
Aí eu me pergunto quando é que vamos reagir? Quando será que alguma FORÇA vai se levantar e dar um basta definitivo?
Qualquer que seja ela, venha de onde vier e como vai agir, não me interessa.
Se partir para a ignorância e começar literalmente a cortar cabeças, pode ficar à vontade. Chegamos a um ponto de descalabro que medidas paliativas não resolvem mais. 
Chegou a hora do Brasil fechar as portas e fazer o balanço das safadezas perpetradas. 
Mal comparando, é como se o nosso país fosse um vulcão em erupção descontrolada a expelir merda em vez de lava e nuvens piroclásticas. 
Vou reler "O príncipe" de Maquiavel para reforçar a minha convicção de que, às vezes, é necessário fazer o mal de uma vez só para depois ir aos pouco abrandando as rigorosas ações do estado.
Tá na hora do pau comer de cabo a rabo. Chega, basta. Vamos partir pra briga. Depois a gente lambe as feridas.

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