Reeditando
NAS NUVENS
Vivo a tempos no mundo da lua,
nas nuvens vivo, a bem da verdade.
É por isso que vivo por aí vagando
sem o menor contato com a realidade.
Quero a nossa casa rente à lua
com muro baixo e flor no jardim.
De noite quero a dama da noite
sugestionando você pra mim.
Quero a escadaria de mármore
sem corrimão pra dar arrepio.
O quintal pode ser o horizonte
a se perder de vista no vazio.
A nossa casa vai ter varanda
pra gente ver todos os poentes.
Na cadeira de balanço, balançando,
vamos cochilar até os nascentes.
Quero todas as noites de verão
e somente noites de lua cheia.
Muitos vaga-lumes esvoaçando
deixando o céu rente à nossa eira.
Quero um velho rádio valvulado
com uma antena que serve de varal.
De dia você pendura a roupa,
de noite ouvimos a rádio nacional.
Você ouve a sua novela cubana
enquanto na rede eu leio o meu jornal
Depois me diga se a Izabel Cristina
é a neta de D. Rafael Zamorra de Juncal.
As crianças a gente cria soltas
e todo dia na hora de dormir
junto rezamos pro anjo da guarda
não deixar no rio ninguém cair.
Quero envelhecer na nova casa
construída bem acima da cidade.
Se a gente morre alivia os anjos,
somos vizinhos da eternidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário