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14/07/2021

 14 de julho de 2014


Acabei de receber um doce desafio de uma amiga de Guaraciaba. Ela perguntou se eu me lembrava do nome de minha professora no 1○ ano primário. Eu me recordo da minha com gratidão e saudade. Sugiro que vocês, meus amigos, tentem se lembrar de sua primeira professora e façam cada um , a seu modo, uma homenagem à sua mestra. Se ele estiver viva, ótimo. Se não, seu texto será uma oração. Esta é a minha homenagem sincera:

Oi, Dona Alba. A Senhora apesar de morar no céu, hoje, com certeza, deve estar muito triste. Seus colegas apanham de alunos, as autoridades não agem, falta material, os salários são aviltantes, não há perspectiva de carreira, as verbas para a educação são mau aplicadas ou desviadas e por ai afora num rosário de malvadezas.
Apesar do seu olho direito vazado, a Senhora enxergava como um lince e mostrava a todos nós horizontes possíveis, desde que entendêssemos que o saber era um farol que além de evitar os perigos da ignorância, iluminava o caminho que leva ao conhecimento. A Senhora nos dizia isso com as palavras certas para uma turma de 1 ano primário: "Amole primeiro a faca para depois descascar a laranja. Os livros são a faca e a laranja a recompensa. Se vocês querem o doce da vida e conseguir o que pessoas boas e inteligentes conseguem, amolem sempre a inteligência com o estudo. Com ele vocês vão conseguir tudo o que querem e serão pessoas muito boas, porque as pessoas que estudam ficam melhores: não maltratam passarinhos, respeitam os mais velhos, não jogam casca de banana no chão, não respondem seus pais, amam o nosso querido Brasil e muitas outras coisas que alegram o nosso Pai do céu.
Quando alguns de nós perturbávamos sua aula, nada que um bom puxão de orelhas ou uma reguada na mão não resolvesse. E nenhum de nós ficamos traumatizados ou entregues aos cuidados de um psicólogo. A Senhora nos amava como amaria aos filhos que não teve - solteirona convicta mas casada com o magistério - sua religião, objetivo e razão de viver.
Lembrar da Senhora hoje, no seu dia, é a minha homenagem. Passados mais de 50 anos, recordei esta passagem relatada com uma nitidez que só as pessoas especiais conseguem gravar em nossa memória. Por tudo que sou hoje lhe sou grato. Sou um homem de bem, apesar de não ter conquistado o sucesso e muito menos a riqueza. Em compensação, tenho alguns tesouros guardados a sete chaves. Meus filhos, em vida, herdaram responsabilidade, honra, honestidade, ética, moral e bons costumes. Se um dia eu merecer e me encontrar com a Senhora, juro que lhe devolvo o mapa do tesouro. Aquele mesmo que a cada dia ganhava uma pista rumo ao baú do pirata. Abri o baú e dentro dele as jóias do saber. Neste instante, em alguma sala de aula de grupo escolar em uma cidadezinha brasileira, outra Dona Alba exerce a mais nobre das profissões. Lembrem-se da sua Dona Alba. Faça uma oração. Elas nem precisam mais, mas é certo que retribuirão com uma eterna saudade de você.
Adriano Jales, Leíse H. Loureiro Carvalho e outras 2 pessoas

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