Lembrei do meu Carlim, minha calopsita que morreu há 5 anos. Ele assobiava o hino do meu Flusão, fiu-fiu e outro proezas sonoras. Adorava um ombro amigo e no meu se empoleirava para dar um rolê pela casa, na rua ou então de carro, em cima da tampa do porta-malas.
Carlim dava o sinal de intrusos na área antes que lua e petra latissem entregando a presença de estranhos. Para ele todo mundo era intruso e como os gansos de Roma, punha o bico no trombone.
Juju (sua namorada) ficou viúva e ficou pousada no poleiro feito estátua. Quase não se mexia de tanta tristeza.
Estava viajando, e quando voltei, Belinha, minha neta, me deu a notícia da morte de Carlim.
Choramos juntos. Ela de verdade, aos soluços, e eu me fazendo de forte, chorando por dentro como me ensinaram quando eu menino. Homem não chora.
Faz parte da vida conviver com a morte de vivente, com ou sem asas. Todos voam um dia. Muitos pousam na saudade.
A morte de Carlim doeu-me mais do que a morte de muita gente. Carlim voou para o paraíso das calopsitas.
Sinto falta da presença doce de Carlim. Me dei conta que a morte pode ser sentida como antigamente. Belinha me ensinou a reencontrar o coração de menino.
A morte de Carlim e a sensibilidade virgem de Belinha deram uma geral no meu coração.
Aprendi com a minha netinha que a dor se consola na saudade. E de um jeito doce - apesar de lágrimas amargas e do sal da vida.
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