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05/07/2020

FAZENDO JUSTIÇA.
A fossa Brasil transborda e quando, a custo, começa a baixar o nível, novos políticos afloram malcheirosos.
Político decente, trabalhador, compromissado com a causa pública são mais raros do que diamantes amarelos.
Neste ponto me vem à memória o contraponto Itamar Franco - o estadista que catapultou o então senador FHC aos píncaros da notoriedade. FHC, o ingrato, assim como Lula apropriou-se do bolsa família, usurpou o plano real.
Sem Itamar, FHC chegaria, no máximo, a governador de São Paulo. O ilustre sociólogo não tinha cacife e muito menos carisma para pretender a presidência da republica.
A criatura elegeu-se graças a Itamar. Aboletado no poder, a ele apegou-se e deu a maior força para emplacar a reeleição. Fosse ético, aprovaria a dita cuja mas não se beneficiaria dela. Pior, candidatou-se medindo forças com Itamar que, enojado com as manobras na convenção do PMDB abandonou a disputa - justamente como queriam seus adversários cônscios de que o juiz-forano não tinha estômago para baixarias e conchavos.
Itamar tinha alguns defeitos. Entre eles o estopim curto, a cintura dura e a tendência para guardar ressentimentos na geladeira.
Discordo dos pecadilhos atribuídos a Itamar. Para mim são qualidades na medida em que um homem de bem não se sujeita a engolir sapos, adaptar-se às conveniências ou esquecer ofensas e agravos. Quem critica ou criticava Itamar por estas características trafega na contramão da moral e da ética, amoldando-se a interesses, corporativismo e benesses - justamente o perfil de nossos "ínclitos representantes".
Itamar saiu da cena política e refugiou-se na mineirice. Quieto, assumiu o ostracismo e fechou-se em copas como bom filho das alterosas. Virou o observador que não se manifesta; cego,surdo e mudo para a politicalha do dia a dia.
Remediado entrou na política e da mesma forma saiu - com uma mão na frente e a outra atrás, considerando que nossos homens públicos fazem fortunas do dia para a noite.
Itamar, o caipira, escreveu o seu nome na história do Brasil. O plano econômico que resgatou a economia brasileira foi obra sua. Escolheu FHC, mandou que este escolhesse bons economistas para gestar o plano real e, principalmente, deu sustentação a FHC, blindando-o contra os poderosos que ganhavam rios de dinheiro com a inflação galopante.
O Brasil esqueceu-se de Itamar. Raramente a mídia exalta o grande mineiro. Não só a mídia é omissa. A grande maioria dos brasileiros não reverencia o homem que saneou a economia brasileira, situando-a entre as maiores economias do planeta.
Itamar merece lugar de destaque no panteão dos brasileiros imortais.
Pensando bem, melhor Itamar ter partido fora do combinado. Vivo fosse, provavelmente mobilizaria a PM mineira para sitiar Brasília. Seus críticos diriam que Itamar era quixotesco. De minha parte, tenho saudades do cavaleiro da boa figura e de seu topete. Itamar era mesmo topetudo.
Homens como Itamar partem pra luta portando estilingues contra tanques de guerra, com o desassombro dos idealistas e a coragem dos heróis.

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