Páginas

13/01/2020

VIAJANDO NA MAIONESE
O supermercado é uma grande invenção, e, para variar, foi criação dos americanos - povo danado para inovar e ganhar muita grana com a sua criatividade.
São práticos, funcionais, criativos,e por isso o mundo inteiro copia os ianques.
Sou do tempo das vendas e armazéns com caderneta de fiado.
Estou adaptado aos tempos modernos mas tenho saudade do armazém do Karin, em Santos Dumont, minha terra, e do atendimento hiper-mega carinhoso do descendente de fenícios que, duas ou três gerações passadas, aportaram em Dumont City.
Época em que a palavra agrotóxico (se é que existia no vernáculo de então) seria alguma coisa exótica, entorpecente.
Os produtos do armazém do Karim eram todos ecológicos - outra palavra que provavelmente não existia na época.
Da mesma forma, brasilzão afora, tudo era natural, fresquinho, colhido na horta, no campo e vendido a preços justos. Tudo era natural.
Hoje produto natural tem grife, selo de procedência, data de validade e o c... a quatro. O resto tem mais química do que laboratório de química.
Minha geração, apesar dos anos vividos sem a parafernália de recursos médicos, tipo ressonâncias magnéticas e o escambau, tem mais resistência do a moderna geração "frango de granja" - rapaziada que vira e mexe adoece acometida por viroses de todo tipo diagnosticada por médicos "especialistas".
Sou da geração fogão de lenha, panela de pedra e/ou ferro, gordura de porco; criada na rua, pés no chão, expostos a todo tipo de corantes, anilinas, brinquedos pintados com tintas toxicas, sem Inmetro etc e tal.
Nós, os antigos e rodados, somos como o gado mestiço, muito mais resistentes do que as raças puras - PO's exibidos em exposições.
Pensando bem, somos vira-latas. Bebemos água de bica, comemos todo tipo de porcarias e estamos aí, firmes e fortes, com o nosso sistema imunológico garantido pelos experientes leucócitos à época diariamente envolvidas em batalhas contra zilhões de bactérias, fungos, vírus e outros malvados invasores.
Vou ao supermercado daqui a pouco. Não tenho escolha, os tempos são outros e quem vive no passado é museu.
Ainda assim, se pudesse, iria ao Armazém do Karin, com a caderneta na mão ou com o fiado no prego para o fim do mês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário