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09/01/2020

Reeditando...
OS CAUSOS DE JOAQUIM MEU SOGRO
Grande expectativa em Guaraciaba. Joaquim ia encenar mais uma peça no salão paroquial. O folhetim desta vez era um drama de costumes com ingredientes de tensão envolvendo um romance mau resolvido.
O aparato teve início com a coleta de contribuições para a montagem da peça. Padre Dimas, como sempre, de boa vontade disponibilizou o salão paroquial. Da mesma forma a comunidade cedeu o sofá, mesa e cadeiras, enfeites, objetos diversos e as importantíssimas colchas, edredons e tolhas para compor o fundo do cenário e a cortina de cena.
Escolhido o elenco, começaram os ensaios da peça em 3 atos. Os papéis definidos e entre eles o de Zé de Arminda (o nome é fictício. Não me recordo do nome verdadeiro), um dos atores protagonista.
Tudo corria a contento. As falas bem decoradas, bem como as marcações no palco, a Iluminação improvisada e cenário nos trinques.
Mas como tudo na vida, a coisa vai bem até uma certa hora. Sempre acontece algo para dificultar nossos planos.
Foi o que sucedeu. Joaquim chegou no ponto em que Zé de Arminda deveria dizer a sua fala: "se tocares nesta mulher, saco minha pistola e te dou um tiro na cabeça". Zé refugou:
- Ô Joaquim, vô falá isso não.
- Mas por que? Indagou Joaquim.
- Falá pistola na frente desse povo todo e na frente das
muié...vô não.
- Pistola é a mesma coisa que garrucha, deixa de ser besta,
zé. Tem nada de mais.
Zé de Carminha relutantemente aceitou a ponderação de Joaquim.
Expectativa geral com a estréia. Dia de domingo, Guaraciaba movimentada: missa dominical concorrida. E o melhor: a peça de logo mais, ansiosamente aguardada.
Casa Paroquial lotada. Gente saindo pela janela. Joaquim conferindo os detalhes, preocupado. Elenco reunido nos bastidores. Últimas instruções e uma derradeira conversa para acalmar Zé de Carminha visivelmente nervoso.
A peça agradava por demais. Olhos fixos no palco, ninguém perdia um "A" do texto. No segundo ato, em um momento de clímax, Zé de Carminha irrompe pela sala e encontra o ator ameaçando bater na atriz. Com elegância, solene, Zé de Carminha para, dá um passo atrás e diz: se tocares nesta mulher, saco a minha garrucha e te dou um tiro na cabeça da PISTOLA... O teatro veio abaixo em gargalhadas. O drama virou comédia e a custo Joaquim pode dar continuidade à peça.

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