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17/10/2014

MÃE
Teu porta-retrato ao lado
e a minha saudade
por aí vagando abandonada.
A planície não tem fim
e o horizonte é eterno
para muito além de mim
Está escuro.
Procuro tua mão
e bem baixinho,
quase em segredo,
murmuro teu nome.
Tenho medo.
No porta-retrato
teu sorriso entronizado.
Tua ausência feito incenso
em levas ascendentes
é de lembranças renovado.
Apago a luz do quarto
e rezo a oração do anjo,
meu zeloso guardador.
Atravesso a ponte
e sobre o rio volumoso,
são e salvo, sempre
chego ao outro lado.
O rio agora é mar bravio.
Quero de volta o meu rio,
a ponte e a mão
que me guiava,
e até o medo
que eu tremia,
pequenino e assustado.
Rezo comigo uma prece
que me leve ao outro lado.
E no sonho o pesadelo
me acorda assustado
para a vida que eu ganhei
do teu amor compartilhado.
Ainda sou o teu menino.
Fica um pouco comigo.
Me abraça e me beija.
Finja que não morreu,
deita aqui a meu lado.











Hoje mãe faria 90 anos.

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