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16/09/2018

Pitaco eleitoral sobre o texto abaixo.
Vou de Álvaro Dias. cidadão correto, fixa limpa, participativo, culto. Álvaro fez foi um excelente governador do Paraná. É respeitado e reconhecido em seu estado e por isso mesmo tem sido um dos senadores mais bem votados do Brasil. Não tem chance, todavia. Falta-lhe a histrionice, os rompantes e intempestividade que, no Brasil, confunde-se com carisma. Quanto a Bolsonaro, já vi este filme antes. Tem ares de Collor, Jânio Doidivanas Quadros e de outros lelés da cuca menos votados. Alkimin é bom, mas é ruim; tucano que gosta de chuchu tende a ficar sentadinho em cima do histórico muro do PSDB. Não vai mudar "chongas". Meirelles é competente, mas a economia, embora importantíssima, não é tudo. Tenderá a sentar no cofre, esconder a chave e dar esmola para outras áreas estratégicas. Marina Selva pode impedir uma outra Itaipu para não desalojar um ninho de mafagarfos. É oportunista como uma hiena espreitando a agonia de um bicho para atacar e fartar-se. Tiro Gomes, também inteligente, mas é filhote de cruzamento de jagunço com carcará. Diante dele Bolsonoro é professorinha de pré-primário. O resto é zero esquerda, muitos deles batendo ponto a cada 4 anos para marcar presença mídia, vencer pelo cansaço e descolar um cargo público qualquer. Chega de salvadores da pátria amada. Vou de Álvaro e seja o que Deus quiser. ps: uma coisa é certa: ganhe quem ganhe, vai ter que dar uma voadora na corja grudada nas tetas da pátria amada, mãe gentil.
Fernando Antônio de Carvalho
Simone Eiterer
22 h ·
Texto do professor Juremir Machado da Silva
B* é uma mentalidade
Não, B* não é um candidato como outro qualquer. É pior. Ele é um imaginário, uma mentalidade, uma visão de mundo. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação. Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se perca tempos com processos.
B* encarna o pensamento do homem medíocre, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis. Se há crime, a culpa é sempre da má índole. Se há manifestações, é por falta de ordem. A sua filosofia por excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete. B* corporifica o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que, com pretensa convicção amparada em evidências jamais demonstradas, diz:
– Não se pode mais ser homem neste país. Vamos ser todos gays.
Ele representa a ideia de que ficamos menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays e mulheres. B* tem a cara de todos aqueles que consideram índios indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Estado. B* é o sujeito desinformado que sustenta que na ditadura não havia corrupção. É o empresário ambicioso que se for para ganhar mais dinheiro abre mão da democracia. É o produtor que vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal, em momentos de estresse, chamar mulher de vagabunda. O eleitor padrão de B* sonha com uma sociedade de homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem sindicatos, sem liberdade de imprensa.
O projeto de B* é o retorno a um regime de força por meio de voto. Aparelhamento da democracia. Na parede do imaginário e de certas propagandas de B* e dos seus fiéis aparecem ditadores. O seu paraíso é da paz dos cemitérios e das prisões para os dissidentes. Um imaginário é uma representação que se torna realidade. Uma realidade que se torna representação. B* é um modo de ser no mundo baseado na truculência, na restrição de liberdade, na eliminação da complexidade, no encurtamento dos processos de tomada de decisões.
B* usa a democracia para asfixiá-la. É um efeito perverso do jogo democrático. Condensa uma interpretação do mundo que não suporta a diversidade, o respeito à diferença, a pluralidade, o dissenso, o conflito, o embate. Inculto, ignora a história. Não há dívida com os escravizados e seus descendentes. A culpa pela infâmia da escravidão não é de quem escravizou. O presente exime-se do passado. B* é a ignorância que perdeu a vergonha*. Contra ele só há um procedimento eficaz: o voto. Se necessário, o voto útil.

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