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22/09/2018

ILAÇÕES
Ouvi o astrônomo incrédulo
explicar a mecânica celeste.
Um meteorito cortou o céu
com o condão de um desejo.
A Via Lactea enfeitiçou-me.
No cenário majestoso
Perdi a noção e o tempo
amanheceu.
Vaguei pelo campo.
roçando a mão nas touceiras de capim gordura.
Súbito, um mugido.
Uma vaca parindo logo ali.
Milhares de mães parindo àquela hora:
mulheres, bichos.
Placentas escorrem de vaginas consagradas.
Choros, balidos, miados, latidos.
O astrônomo pragmático...
De novo em minha mente a mecânica celeste:
silenciosa, discreta, onipresente.
Agora suave, transpira um orvalho
talvez remanescente do gênese.
Avalon virou um mito.
Por trás de suas brumas,
talvez o entendimento
ou a harmonia com o todo.
Estrelas dão a luz
no berçário do cosmos.
O astrônomo ateu
flutua nas vastidões da dúvida.
O medo procura entendimento.
O poente o acalenta
ao balanço das horas.
Para desassombro do astrônomo
um menino na manjedoura
brinca com coisas de Deus.

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