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29/01/2018

PITACO
Ontem, assisti o Canal Livre da Band.
Capitaneados por Ricardo Boechat, dois cientistas e dois jornalistas da própria emissora (esqueci os nomes de todos), comentaram a condenação de lula e a repercussão do fato na eleição presidencial que se avizinha.
Houve consenso que lula é carta fora do baralho, mas ainda uma peça fundamental no quadro eleitoral. 
Comentaram que lula é um grande eleitor e, na hipótese muito provável de que seja impedido de participar, o nome que apoiar receberá considerável número de votos.
Daí em diante, mil considerações sobre os nomes presidenciáveis, a necessidade de reinventar o PT após os zilhões de escândalos, bandalheiras e maracutaias. A constatação de que lula é a maior liderança da esquerda na América Latina, etc e tal.
Em suma , lula foi o tema central do programa, O que me deixou surpreso foi a neutralidade com que lula foi tratado, Em nenhum momento o homem que quase liquidou o Brasil foi mostrado como ele é.
Lembrei-me do filme "O Retrato de Dorian Grey", no qual o personagem, pobre até as entranhas, permanecia jovem e belo enquanto a sua alma se desfigurava.
Ou seja, os jornalistas, com aquele profissionalismo isento e sua fleuma muitas vezes pedante, mais uma vez tangenciaram o cerne da questão: a figura horrenda que, mesmo alijada do processo eleitoral, é diretamente responsável pelo balaio de gatos políticos e por tudo de ruim que aconteceu em nosso país nos últimos 15 anos.
Parecia um programa da Globo: em cima do murro, asséptico, engravatado, neutro, sem opinião e personalidade.
A Band que todas as manhãs escrafuncha "de com força" o pântano onde chafurdam os políticos brasileiros, através do excelente Ricardo Boechat, agora entrou no clima do jornalismo que não se expõe.
Sob o ponto de vista comercial, dá até para entender. Não é de bom alvitre, a esta altura do campeonato, assumir uma postura contundente, crítica e/ou opinativa.
Vai que um dos poderosos venha a envergar a faixa presidencial?
Tudo na vida é uma mão dupla - na política, então, nem se fala.
Antes o caixa abastecido por qualquer um deles, via publicidade de governo ou qualquer outra benesse, do que uma mão adiante e a outra atrás.

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