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01/03/2016

A VOLTA
Vou ouvir a jovem guarda o dia inteiro.
Hoje eu me sinto juvenil.
A bem da verdade, primaveril.
Estou cheio da maturidade.
Muita chata.
Muito centrada.
Muitíssimo comportada.
Vou ouvir Roberto e Erasmo,
Renato e seus Blue Caps
e até até a Martinha.
Coitadinha.
Aceite um chicletes?
Quero de volta os quinze, dezesseis anos.
Queria...
Doce rebeldia.
Sonhos malucos.
De amores morria
sem saber que a todos
sobreviveria.
Na frente do espelho me olho envelhecido.
Cadê os meus sonhos não realizados?
Estão em Xangrilá.
Me mudo?
Não, melhor tomar um chá.
Vesti a calça boca larga
esquecida no fundo do armário.
Poida.
Patético,
tive que acordar.
De vez em quando surto
e tomo um cuba libre.
Benza Deus, Deus me livre
de envelhecer.
Desliguei a vitrola.
Alguém bateu na porta.
Era o gás.
Pedi pra trocar.
Putz!..já é meio dia.
Depois do almoço cochilo.
Se eu babar, me acorde.
Ou me deixe.
Não tenho hora pra acordar.
Tenho medo de acordar.

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