isteza: seus colegas apanham de alunos, as autoridades negligenciam a educação. Falta material, os salários são aviltantes, não há perspectiva de carreira, as verbas para a educação são mau aplicadas ou desviadas, e por ai afora num rosário de malvadezas.
Apesar do seu olho direito vazado, a Senhora enxergava como um lince e mostrava a todos nós que todos os horizontes são possíveis, desde que entendêssemos que o estudo é a estrada que leva ao lindo horizonte do conhecimento. A Senhora nos ensinava com as palavras certas para uma turma de 1○ ano primário: "Amole a faca para descascar a laranja. Os livros são a faca e a laranja o doce saber. Se vocês querem uma vida boa e decente, amolem a inteligência com o estudo. Com ele vocês vão conseguir tudo o que querem e serão pessoas muito boas. As pessoas que estudam ficam melhores: não maltratam passarinhos, respeitam os mais velhos, não jogam casca de banana no chão, não respondem seus pais, amam o nosso querido Brasil e fazem muitas outras coisas boas que alegram o nosso Pai do céu.
Quando alguns de nós perturbava a sua aula, nada que um bom puxão de orelhas ou uma reguada na mão não resolvesse. E nenhum de nós ficou traumatizado ou entregue aos cuidados de um psicólogo.
A Senhora nos amou como amaria aos filhos que não teve - solteirona convicta casada com o magistério - sua religião, objetivo e razão de viver.
Lembro-me da Senhora com muita gratidão e carinho.
Passados mais de 50 anos, seu rosto é nítido como se eu estivesse na primeira carteira vendo suas mãos entrelaçadas na oração que antecedia à primeira aula. A Senhora foi especial e por isso está guardada em minha memória numa caixinha forrada de veludo vermelho, amarrada com laço de fita dourada.
Por tudo que sou hoje lhe sou grato. Sou um homem de bem. A Senhora me mostrou o bom caminho e procurei não me afastar dele. Não conquistei o sucesso e muito menos a riqueza. Em compensação tenho os tesouros que a Senhora meu deu ainda criança: responsabilidade, honra, religiosidade. Guardei-os a sete chaves e ao longo da vida fui distribuindo-os entre os meus filhos. Este é o meu legado.
Neste instante, em alguma sala de aula de grupo escolar, outra Dona Alba ensina o beabá da vida. Lembrem-se da sua Dona Alba. Faça uma oração. Peça a Deus para que todas elas estejam nas primeiras carteiras da primeira fila do paraíso. E que o seu recreio seja eterno.
Apesar do seu olho direito vazado, a Senhora enxergava como um lince e mostrava a todos nós que todos os horizontes são possíveis, desde que entendêssemos que o estudo é a estrada que leva ao lindo horizonte do conhecimento. A Senhora nos ensinava com as palavras certas para uma turma de 1○ ano primário: "Amole a faca para descascar a laranja. Os livros são a faca e a laranja o doce saber. Se vocês querem uma vida boa e decente, amolem a inteligência com o estudo. Com ele vocês vão conseguir tudo o que querem e serão pessoas muito boas. As pessoas que estudam ficam melhores: não maltratam passarinhos, respeitam os mais velhos, não jogam casca de banana no chão, não respondem seus pais, amam o nosso querido Brasil e fazem muitas outras coisas boas que alegram o nosso Pai do céu.
Quando alguns de nós perturbava a sua aula, nada que um bom puxão de orelhas ou uma reguada na mão não resolvesse. E nenhum de nós ficou traumatizado ou entregue aos cuidados de um psicólogo.
A Senhora nos amou como amaria aos filhos que não teve - solteirona convicta casada com o magistério - sua religião, objetivo e razão de viver.
Lembro-me da Senhora com muita gratidão e carinho.
Passados mais de 50 anos, seu rosto é nítido como se eu estivesse na primeira carteira vendo suas mãos entrelaçadas na oração que antecedia à primeira aula. A Senhora foi especial e por isso está guardada em minha memória numa caixinha forrada de veludo vermelho, amarrada com laço de fita dourada.
Por tudo que sou hoje lhe sou grato. Sou um homem de bem. A Senhora me mostrou o bom caminho e procurei não me afastar dele. Não conquistei o sucesso e muito menos a riqueza. Em compensação tenho os tesouros que a Senhora meu deu ainda criança: responsabilidade, honra, religiosidade. Guardei-os a sete chaves e ao longo da vida fui distribuindo-os entre os meus filhos. Este é o meu legado.
Neste instante, em alguma sala de aula de grupo escolar, outra Dona Alba ensina o beabá da vida. Lembrem-se da sua Dona Alba. Faça uma oração. Peça a Deus para que todas elas estejam nas primeiras carteiras da primeira fila do paraíso. E que o seu recreio seja eterno.
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