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11/05/2017

Que triste...
Novo proprietário do edifício em estilo art-déco, que abriga duas salas de cinema, quer iniciar obras de reforma entre maio e junho para dar nova destinação ao imóvel tombado (Foto: Fernando Priamo)
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Fernando Antônio de Carvalho Como diz uma de minhas netas, meu coração está triste. Melhor dizendo, de luto. 
Tenho doces lembranças com o Cine Palace. Doces porque remontam à minha infância. Em 1957 minha família mudou-se de Oliveira Fortes - terra de meus avós paternos - para Ju
iz de Fora. Meu pai alugou apartamento no Ed. Regina, bem em frente ao Palace Na época, fiquei de queixo caído. Juiz de Fora era a maior cidade do mundo. Tinha avenidas e ruas enormes, bondes, cinemas e um hotel que me deixou embasbacado: o Imperial do Seu César - português de finíssimo trato, postura e aprumo de diplomata. 
Pois muito bem...Todo domingo (sem falta) eu e minhas duas irmãs descíamos (de elevador!) do quinto andar do arranha-céu com o nome de minha irmã do meio. Às dez e meia em ponto, as luzes começavam a apagar e Nat King Cole, com a sua voz de veludo, anunciava o início da matiné. Tom & Jerry, por hora e meia, faziam a alegria da garotada. Pipocas voavam entre um e outro gole de guaraná ou Coca. Droga, merda, PQP...O Palace já era. Mais um cinema de rua tem final triste. Cinemas nunca deveriam ser fechados - principalmente os de rua. Fecha-se mais do que um cinema; baixou o pano de uma época de glamour, gente elegante, bons modos, romantismo e poesia. Babau filas à porta das casas de sonho, namoros no escurinho, beijos roubados, corações com taquicardia e mãos suadas. Ficam as salas sem graça dos shoppings, a pipoca americanizada e os filmes violentos, sacais, e a banalização do sexo. A vida muitas vezes é uma merda em preto e branco. As ilusões em Cinemascope não têm mais Happy End.

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