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11/11/2015

MADRUGADA
Fico olhando o relógio
e as horas a fio.
O tempo flui.
O tic-tac faz dueto
com a goteira da pia.
Da janela vejo a lua
viajando lentamente,
silenciosa como um gato
sobre flocos de algodão.
Nestas horas
a saudade suplicia.
O silêncio da noite
é um abandono só.
Mas acalma.
Estou vazio como as ruas.
Nenhum vivente.
Parece que o mundo acabou.
Escuto passos distantes.
Há um sobrevivente.
Um vulto avulso
desce a rua.
E passa indiferente.
Um cão sem dono
apareceu do nada
e me olhou carente.
Um pedaço de pão dormido
e o cão desiludido
seguiu atrás
de mais dono
e menos pão.
Nestas horas
a saudade é tardia.
Vou tenta dormir.
Já já amanhece o dia.
Acho que vou acordar
bem depois do meio-dia.
O sono é uma sorte
todo santo dia.

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