NOITE

A noite é uma criança.
Eu me debruço nela.
Alta madrugada avança;
Faço parte dela.

Um cão vadio, um vulto solitário.
Névoa, doentes luzes amarelas.
Horas vadias sem horário,
Trottois de dores e mazelas.

Um suspiro exala-me d'alma.
Uma lágrima pende indecisa
E acaba por não acontecer.

Minha solidão enfim se acalma
E por saber-se imprecisa
Fechou a janela e foi sofrer.