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29/06/2020

CONTIDO
Pássaro que não voa vive à toa
Escravo do canto que eu não sei.
Pois tudo que vive enjaulado voa
Em mim que só me guardei.
As mágoas, antes se dessem à brisa
Como as pétalas do dente de leão.
E as alegrias raras, à guisa
De venturas, me dessem a mão.
E me libertassem do escuro quarto
Onde me lamento aprisionado
Como um acorrentado cão.
O pássaro me olha e farto
Da minha autopiedade, ousado,
Se vinga com uma canção.

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